Gritomudo

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terça-feira, 30 de junho de 2009

SINCERIDADE X SINCERÍSMO

Numa das aulas de História da Arte, o professor nos dava uma prévia dos movimentos ocorridos nas Artes Plásticas.
Ele dizia sobre os "ísmos" que determinam o fim do nome de cada movimento: SurrealÍSMO, DadaÍSMO, ModernÍSMO, etc... Ele me fez pensar que os ÍSMOS denotam algo que poderia classificar como menor, pejorativo.
Tenho pensado há alguns dias sobre o que é ser sincero, autêntico e o que é sofrer de "ÍSMOS".
Ouço com frequência muitas pessoas dizerem que falam o que pensam, porque são sinceras. Tenho ouvido com bastante frequência (e questionada por isso, até!) uma música dos Engenheiros do Havaí que diz: "diga a verdade doa a quem doer, doe sangue e me dê seu telefone"...
Ser sincero, na minha opinião é alguma coisa que bebe na fonte da delicadeza profunda. O sincerismo é algo grosseiro, que poderia, inclusive, mascarar certa insegurança em quem diz. Não vejo aí qualidade alguma.
Dou muito valor às palavras, ao que leio nas entrelinhas delas, no que diz o corpo com todo o seu gestual e principalmente à minha intuição.
Pra lavar a alma, vou expor aqui toda minha fragilidade e me utilizar do SINCERÍSMO. Ultimamente tenho convivido com pessoas grosseiras. O lado bom disso é que amplio meu repertório de defesas. Por outro lado, não gostaria de estar no meio disso.
Mas, quando a carga vem de onde não se gostaria, aí me entrego, mesmo, me permito sentir, pensar sobre e refletir.
Vou redundar: nem sempre o sim quer dizer sim. Eu, por vezes, gostaria de saber menos do que diz respeito a ser gente. Creio que por isso eu me permita a idealizar, a "platonizar"...
O Teatro me permite afinar a percepção, mas, também a burlá-la!
O sincerísmo é um punhal de ponta fina, que fere. A sinceridade, não. Penso que a sinceridade deveria levar à reflexão.
Não sou vítima. Sou alguém que está em busca e buscar significa entrar em contato com um pouco de tudo.
Sem clichês, domingo prestei muita atenção em uma música que nem gosto (embora reconheça seu valor) de um artísta que respeito demais, mas já nem me empolga tanto.
Creio que todas as pessoas apresentam estas características, umas com mais, outras com menos intensidade. Eu me reconheço, me permitindo a licença poetica, com grifos e pontuações minhas...
"Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.
Eu quero dizer agora, o oposto do que eu disse antes sobre o que é o amor... Sobre o que? Eu nem sei quem sou!
Se hoje eu sou estrela, amanhã já se apagou, se hoje eu te odeio amanhã lhe tenho amor (ainda preciso evoluir e chegar a isso!)... Lhe tenho horror, lhe faço amor, eu sou um ator.
É chato chegar a um objetivo num instante. Eu quero viver nessa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo."
Aí, paro e penso que ninguém é perfeito, nem Madre Tereza, nem Papa. Eu, nem de longe! Por isso não posso querer tanto das pessoas. Mas, por outro lado, tenho a livre escolha de me permitir o quanto devo (ou o quanto quero), que elas interfiram no que sou.
Todo mundo é lobo por dentro?
Ninguém é lobo mau pra sempre?
Tem gente que nasce lobo?
Responda você!
Você me disse que eu sou petulante, né?
Acho que sou sim, viu? Como a água que desce a cachoeira e não pergunta se pode passar.
Você me disse que meu olho é duro como faca.
Acho que é sim, viu? Como é duro o tronco da mangueira onde você precisa se encostar.
Você me disse que eu destruo sempre a sua mais romântica ilusão, e que destruo sempre com minha palavra o que me incomodou. E acho que é sim! Como fere e faz barulho o bicho que se machucou viu?
Todo mundo é louco por dentro.
Ja viu alguém normal pra sempre?
Tem gente que nasce louca?
Responda você!
(Minha completa tradução hoje, 30 de julho, às 20h21.)

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