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A banda conta com "entidades" como Exú Caveira, Zé Pelintra (o nosso entrevistado Angelo Arede, de branco), Pomba Gira e Omulu
"As pessoas esqueceram um pouco da parte do rock de se divertir, parece heavy metal universitário. Rock é meter o pé na porta e quebrar tudo. Rock é agressão, e a Gangrena Gasosa é síntese disso", Angelo Arede, vocal.
Por Maurício Dehò
O subúrbio da Zona Norte do Rio de Janeiro gerou uma das bandas mais criativas, pesadas e polêmicas do Brasil: a Gangrena Gasosa. Criadores e únicos representantes do Saravá Metal, estes malucos misturam Metal extremo com letras inspiradas na macumba e apresentações no mínimo excêntricas, já que se fantasiam como entidades do candomblé, levam despachos ao palco e dão banho de farofa no público. Após duas décadas de uma história "escrota", como os próprios integrantes definem, a Gangrena lança neste fim de semana o documentário "Desagradável", que vai fundo nos causos vividos por eles.
A frase do ex-vocalista Chorão no DVD, "a gente toca essa p... pra ser escroto mesmo", define bem a filosofia da banda, que pouco documentou seu passado. A ideia de gravar um DVD veio quando a Black Vomit produziu o "Guidable", contando a história do Ratos de Porão, e Chorão mandou uma longa carta ao diretor, Fernando Rick, elogiando o projeto. No início, os planos eram diferentes.
"Tivemos a ideia de fazer um show com uma grande produção, mas não deu certo. Então combinamos de fazer um show junto a um pequeno documentário. Mas quando fomos colhendo material eram tantas histórias, que o documentário cresceu e, se não ficasse com as duas horas que fizemos, ficaria incompleto", conta Rick, que teve pouquíssimo material de arquivo para trabalhar, e acabou baseando boa parte do filme nos personagens riquíssimos da banda.
"Nosso objetivo é mostrar para a cena Metal e para o Brasil a história da Gangrena que muita gente encara como lenda: os atentados, perseguições, coisas sobrenaturais. É também um documento da cena do Rio em 1990", explica o vocalista Angelo Arede, que no palco é o engravatado Zé Pelintra e é o integrante a mais tempo na banda. "Queremos ainda que coroe a nova fase da Gangrena."
Praticamente todos os integrantes que passaram pela Gangrena – uma família enorme em que o entra e sai de integrantes é constante – passa pelo documentário, detalhando histórias quase mirabolantes. Estrelas ligadas à banda, como João Gordo, Marcelo D2 e Jello Biafra ilustram a importância e dão sua visão do grupo.
A história caótica da Gangrena Gasosa se tornou conhecida rapidamente com o disco de estreia, o tosco mas genial "Welcome to the Terreiro", de 1993. (Qualquer semelhança com "Welcome to the Jungle" NÃO é mera coincidência). As referências à macumba, o som extremo e o lado trangressor da banda os fizeram ser vistos mesmo fora da cena, chegando até ao programa de Jô Soares.
A ideia era simples: fazer Metal com cara de brasileiro. “Bicho, nós sempre tivemos essa visão que a coisa do Metal, do Black Metal, dos estereótipos, eram muito traduzidos do Metal europeu e americano. Isso não diz muita coisa para quem está no Brasil. Ninguém tem medo de evocar Belial, Astarod... Mas quando passa perto do despacho pede licença. Nós quisemos traduzir o assustador para o Brasil”, detalha Angelo.
A banda conta com "entidades" como Exú Caveira, Zé Pelintra (o nosso entrevistado Angelo Arede, de branco), Pomba Gira e Omulu
"As pessoas esqueceram um pouco da parte do rock de se divertir, parece heavy metal universitário. Rock é meter o pé na porta e quebrar tudo. Rock é agressão, e a Gangrena Gasosa é síntese disso", Angelo Arede, vocal.
Por Maurício Dehò
O subúrbio da Zona Norte do Rio de Janeiro gerou uma das bandas mais criativas, pesadas e polêmicas do Brasil: a Gangrena Gasosa. Criadores e únicos representantes do Saravá Metal, estes malucos misturam Metal extremo com letras inspiradas na macumba e apresentações no mínimo excêntricas, já que se fantasiam como entidades do candomblé, levam despachos ao palco e dão banho de farofa no público. Após duas décadas de uma história "escrota", como os próprios integrantes definem, a Gangrena lança neste fim de semana o documentário "Desagradável", que vai fundo nos causos vividos por eles.
A frase do ex-vocalista Chorão no DVD, "a gente toca essa p... pra ser escroto mesmo", define bem a filosofia da banda, que pouco documentou seu passado. A ideia de gravar um DVD veio quando a Black Vomit produziu o "Guidable", contando a história do Ratos de Porão, e Chorão mandou uma longa carta ao diretor, Fernando Rick, elogiando o projeto. No início, os planos eram diferentes.
"Tivemos a ideia de fazer um show com uma grande produção, mas não deu certo. Então combinamos de fazer um show junto a um pequeno documentário. Mas quando fomos colhendo material eram tantas histórias, que o documentário cresceu e, se não ficasse com as duas horas que fizemos, ficaria incompleto", conta Rick, que teve pouquíssimo material de arquivo para trabalhar, e acabou baseando boa parte do filme nos personagens riquíssimos da banda.
"Nosso objetivo é mostrar para a cena Metal e para o Brasil a história da Gangrena que muita gente encara como lenda: os atentados, perseguições, coisas sobrenaturais. É também um documento da cena do Rio em 1990", explica o vocalista Angelo Arede, que no palco é o engravatado Zé Pelintra e é o integrante a mais tempo na banda. "Queremos ainda que coroe a nova fase da Gangrena."
Praticamente todos os integrantes que passaram pela Gangrena – uma família enorme em que o entra e sai de integrantes é constante – passa pelo documentário, detalhando histórias quase mirabolantes. Estrelas ligadas à banda, como João Gordo, Marcelo D2 e Jello Biafra ilustram a importância e dão sua visão do grupo.
A história caótica da Gangrena Gasosa se tornou conhecida rapidamente com o disco de estreia, o tosco mas genial "Welcome to the Terreiro", de 1993. (Qualquer semelhança com "Welcome to the Jungle" NÃO é mera coincidência). As referências à macumba, o som extremo e o lado trangressor da banda os fizeram ser vistos mesmo fora da cena, chegando até ao programa de Jô Soares.
A ideia era simples: fazer Metal com cara de brasileiro. “Bicho, nós sempre tivemos essa visão que a coisa do Metal, do Black Metal, dos estereótipos, eram muito traduzidos do Metal europeu e americano. Isso não diz muita coisa para quem está no Brasil. Ninguém tem medo de evocar Belial, Astarod... Mas quando passa perto do despacho pede licença. Nós quisemos traduzir o assustador para o Brasil”, detalha Angelo.
Ao mexer com macumba, eles sabiam que estavam colocando os pés num assunto pesado. Tão pesado, que até integrantes da banda admitem ter passado medo do “sobrenatural”. Os shows da banda tem despachos no palco, velas pretas, galinha frita e farofa sendo jogada na cabeça do público – para alguns um susto, para outros, que já esperam a chuva de farinha, uma “benção”.
“A maldição da Gangrena é relativa, porque é tudo um bando de louco extremo do metal. É fácil associar ao sobrenatural. Mas algumas coisas são estranhas realmente. Tem gente que vira no santo, tem gente que chega no show e fala umas coisas pra nós, tem o lance do Garage (casa de show), em que diziam que a gente perturbava o terreiro ao lado... Comigo nunca aconteceu nada nesse sentido, mas é aquilo: não acredito em bruxas, mas que existem, existem”, ri o líder do grupo, que hoje tem integrantes do candomblé, umbanda e ateus.
Em outro caso bem mais real e sem grandes fantasias, o vocalista Paulão apanhou de simpatizantes da macumba que acharam um folheto da Gangrena Gasosa em seu bolso. Ele quase morreu devido à imagem da banda.
“No começo, a coisa era para esculhambar, para chamar atenção e tudo. Passando o tempo, inserimos musicalmente tanto na música quanto nas letras a macumba. Mas o universo do Saravá Metal é do cotidiano, do dia a dia, percebemos que não podia tratar só de macumba, mas de tudo que o pessoal aqui do subúrbio do Rio vivencia. Pegamos o que está à nossa volta para agredir”, acrescenta Arede.
O diretor, Fernando Rick, admite que conhecia a Gangrena Gasosa por cima, mas que ficou impressionado com o que pôde conhecer a fundo. “Antes era uma música de zoeira falando de macumba, bem tosquinho. Hoje é uma banda com puta som e essa temática. Quanto às histórias, é uma mais maluca que a outra; os personagens são diversos e incríveis. Eles são bando de doido”, define ele. O objetivo de Rick, como no documentário do Ratos de Porão, é atrair um público amplo, não só do Metal, que se interesse em todo o aspecto cultural da Gangrena.
A música
"Você monta banda de rock pra zoar o barraco, se você monta uma banda para fazer dinheiro, você tá errado na essência", Cid Mesquita, co-fundador e ex-baterista da Gangrena
Ex-líder do Dead Kennedys, o icônico Jello Biafra aparece no documentário falando da sua pequena e fundamental influência para a Gangrena. Ele ouviu o primeiro disco e sugeriu que eles colocassem a percussão menos pontualmente; que ela fizesse parte de todo o contexto musical. “Smells Like a Tenda Spírita”, de 2000, trouxe esta evolução, que foi ainda além com “Se Deus é 10, Satanás é 666”, de 2011.
“A maldição da Gangrena é relativa, porque é tudo um bando de louco extremo do metal. É fácil associar ao sobrenatural. Mas algumas coisas são estranhas realmente. Tem gente que vira no santo, tem gente que chega no show e fala umas coisas pra nós, tem o lance do Garage (casa de show), em que diziam que a gente perturbava o terreiro ao lado... Comigo nunca aconteceu nada nesse sentido, mas é aquilo: não acredito em bruxas, mas que existem, existem”, ri o líder do grupo, que hoje tem integrantes do candomblé, umbanda e ateus.
Em outro caso bem mais real e sem grandes fantasias, o vocalista Paulão apanhou de simpatizantes da macumba que acharam um folheto da Gangrena Gasosa em seu bolso. Ele quase morreu devido à imagem da banda.
“No começo, a coisa era para esculhambar, para chamar atenção e tudo. Passando o tempo, inserimos musicalmente tanto na música quanto nas letras a macumba. Mas o universo do Saravá Metal é do cotidiano, do dia a dia, percebemos que não podia tratar só de macumba, mas de tudo que o pessoal aqui do subúrbio do Rio vivencia. Pegamos o que está à nossa volta para agredir”, acrescenta Arede.
O diretor, Fernando Rick, admite que conhecia a Gangrena Gasosa por cima, mas que ficou impressionado com o que pôde conhecer a fundo. “Antes era uma música de zoeira falando de macumba, bem tosquinho. Hoje é uma banda com puta som e essa temática. Quanto às histórias, é uma mais maluca que a outra; os personagens são diversos e incríveis. Eles são bando de doido”, define ele. O objetivo de Rick, como no documentário do Ratos de Porão, é atrair um público amplo, não só do Metal, que se interesse em todo o aspecto cultural da Gangrena.
A música
"Você monta banda de rock pra zoar o barraco, se você monta uma banda para fazer dinheiro, você tá errado na essência", Cid Mesquita, co-fundador e ex-baterista da Gangrena
Ex-líder do Dead Kennedys, o icônico Jello Biafra aparece no documentário falando da sua pequena e fundamental influência para a Gangrena. Ele ouviu o primeiro disco e sugeriu que eles colocassem a percussão menos pontualmente; que ela fizesse parte de todo o contexto musical. “Smells Like a Tenda Spírita”, de 2000, trouxe esta evolução, que foi ainda além com “Se Deus é 10, Satanás é 666”, de 2011.
“Quando o Jello conheceu a Gangrena e levou as fitas demo, cruas como eram, tínhamos só os pontos de macumba, mas não era colocado dentro das músicas. Ele mandou uma carta, dizendo que seria legal que colocassem mais elementos, incorporassem no som”, conta Arede. Apesar da dificuldade de encontrar músicos que aceitassem o desafio de colocar os batuques no Metal, a Gangrena acabou se acertando e trabalhando com nomes como Fabio Lessa, Elijan Rodrigues e Anjo Caldas (conhecido por tocar com Elba Ramalho).
Mesmo com a evolução musical, a banda não quer perder o aspecto trangressor que é fundamental na sua identidade. Mesmo que a sociedade do politicamente correto de hoje possa olhar feio.
“Isso a Gangrena nunca vai perder, porque já vem da essência. É tudo um bando de espírito de porco! O headbanger que vai para o show da Gangrena quer tomar farinha na cabeça. É até decepcionante quando não podemos jogar o despacho. As pessoas esqueceram um pouco da parte do rock de se divertir, parece heavy metal universitário. Rock é meter o pé na porta e quebrar tudo”, diz o vocalista.
“A essência é o metal, o esporro, o politicamente incorreto do subúrbio do Rio”, completa.
Lançamento e futuro com disco novo
“A gente tem que esculhambar, inovar, tem que ser inesperado. Tem mais coisa que estamos preparando. Acho que as pessoas vão ficar mais horrorizadas ainda (risos)”, Angelo Arede.
O lançamento do documentário, que é apresentado em DVD duplo com um show completo da Gangrena, acontece dentro do festival In-Edit Brasil 2013, em São Paulo. Os cariocas participam no dia 11. Além da exibição do trabalho, a banda fará um show especial, com a presença de antigos integrantes, como os vocalistas Chorão e Paulão.
O DVD “Desagradável” marca também uma fase de trabalhos intensos que vai começar. “Hoje a gente é uma banda de tio, hoje temos vontade de trabalhar, não só de transgredir”, garante Arede.
Os próximos passos que serão mostrados incluem a trilha sonora de um curta metragem, muitos shows e, principalmente um novo disco. A banda já tem sete músicas compostas e promete mexer com muita gente – uma delas, por exemplo, fala dos vegetarianos que “pregam” sua filosofia. Uma coisa é certa: vem podreira da boa pela frente!
Por: Heavy Nation às 07h02 AM
Mesmo com a evolução musical, a banda não quer perder o aspecto trangressor que é fundamental na sua identidade. Mesmo que a sociedade do politicamente correto de hoje possa olhar feio.
“Isso a Gangrena nunca vai perder, porque já vem da essência. É tudo um bando de espírito de porco! O headbanger que vai para o show da Gangrena quer tomar farinha na cabeça. É até decepcionante quando não podemos jogar o despacho. As pessoas esqueceram um pouco da parte do rock de se divertir, parece heavy metal universitário. Rock é meter o pé na porta e quebrar tudo”, diz o vocalista.
“A essência é o metal, o esporro, o politicamente incorreto do subúrbio do Rio”, completa.
Lançamento e futuro com disco novo
“A gente tem que esculhambar, inovar, tem que ser inesperado. Tem mais coisa que estamos preparando. Acho que as pessoas vão ficar mais horrorizadas ainda (risos)”, Angelo Arede.
O lançamento do documentário, que é apresentado em DVD duplo com um show completo da Gangrena, acontece dentro do festival In-Edit Brasil 2013, em São Paulo. Os cariocas participam no dia 11. Além da exibição do trabalho, a banda fará um show especial, com a presença de antigos integrantes, como os vocalistas Chorão e Paulão.
O DVD “Desagradável” marca também uma fase de trabalhos intensos que vai começar. “Hoje a gente é uma banda de tio, hoje temos vontade de trabalhar, não só de transgredir”, garante Arede.
Os próximos passos que serão mostrados incluem a trilha sonora de um curta metragem, muitos shows e, principalmente um novo disco. A banda já tem sete músicas compostas e promete mexer com muita gente – uma delas, por exemplo, fala dos vegetarianos que “pregam” sua filosofia. Uma coisa é certa: vem podreira da boa pela frente!
Por: Heavy Nation às 07h02 AM
Fonte:
http://heavynation.blog.uol.com.br/arch2013-05-01_2013-05-31.html#2013_05-07_08_02_42-158497053-0
*****Meeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeuuuuuuuuuu... Os caras são f***dasticos!!!
Divertidíssimos!
#curti
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