"Meu brinquedo preferido era o Joãozinho, irmão da Maria. O Joãozinho e a Maria tinham a mesma cara, mas a roupa e os cabelos eram diferentes. Aliás, o cabelo do Joãozinho era horrível: ruivo, todo arrepiado. Mas, “ai” de quem falasse!
Eu não via a hora de chegar do “parquinho” para abraçar e brincar com o Joãozinho até cansar. E, eu nunca me cansava!
Um dia o Joãozinho me deixou um bilhete: ele havia sido sequestrado!
Peguei minha maletinha com nada dentro e me pus a andar de um lado para o outro. Ia até a EMEI e voltava. Era o único lugar onde eu podia ir. Minha mãe e minhas duas irmãs estavam no portão da casa. E eu ia e voltava. Até que comecei a chorar desesperadamente, e meu coração começou a doer... De tristeza! Eu não podia viver sem o Joãozinho! Eu amava o Joãozinho!
Aqueles minutos me pareciam horas. Quando eu comecei a implorar pra que ele voltasse, minha irmã, a que não gostava de mim, rindo, trouxe o boneco de volta... E eu voei em cima dela e lhe arranhei o braço para sair sangue. O sangue que saía era da cor das letras do bilhete. E, eu já sabia ler linhas e entrelinhas. A letra era da irmã mais velha.
Daí, descobri que as pessoas podem ser más... E me tornei má, também!
Minhas unhas, meu escudo!"
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