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quinta-feira, 9 de junho de 2016

Às vezes não é o amor que acaba, e sim a paciência

http://www.revistapazes.com/4022-2/


Às vezes não é o amor que acaba, e sim a paciência, essa que dizem que é santa, porque resiste a ventos e marés e sempre acaba dando mais do que deveria.

Fica claro que está justificado ceder tantas vezes mais do que deveria, que se exerça o perdão hoje, amanhã e depois de amanhã, e que se espere um pouco mais com a esperança de que as coisas melhorem…

Às vezes, a realidade acaba caindo pelo seu próprio peso para nos abrir os olhos. O nosso coração não pode apagar da noite para o dia o que sente, mas quando se perde a paciência, todas as vendas que cegavam começam a cair uma trás outra.

Há quem diga que a paciência é uma virtude, mas está claro que esta dimensão não pode ser aplicada a todos os âmbitos, e que além disso, deve ter certos limites.

Você não pode passar uma vida inteira sendo paciente, vendo os seus direitos ficarem vulneráveis, sendo que você precisa de reciprocidade, cuidado, afeto e reconhecimento.
O amor requer compromisso, vontade e paciência… mas até certo ponto

A paciência no amor não é a mesma coisa que passividade.

Na verdade aí está a chave autêntica. Podemos ser pacientes, podemos fazer da paciência a nossa melhor virtude porque ela nos ajuda a analisar melhor a situação, a saber observar, a sermos reflexivos.

Contudo, todo esse processo interior deve nos permitir ver a realidade autêntica.

Uma pessoa paciente não tem motivo para ser passiva. A pessoa passiva faz da tolerância a sua forma de vida, permitindo abuso até experimentar na própria pele como a sua integridade fica vulnerável. E isso é algo que não se deve permitir jamais.

Agora, a paciência requer por sua vez clareza emocional. É preciso saber onde estão os limites e compreender em que momento estamos ficando vulneráveis como pessoas. Como membros de um relacionamento afetivo.

Não é preciso ser passivo frente às exigências carregadas de egoísmos, frente à posição de se priorizar antes do outro. Não se deve fechar os olhos às carências, nem ser impassível à dor emocional que os vazios provocam, os desprezos ou os maus tratos sutis exercidos através de palavras envenenadas.

É aqui onde a paciência deve cair, puxar o seu véu para ver a verdade.
Quando a paciência termina… O que fazer?

Quando a paciência acaba, chega a decepção porque já somos conscientes da nossa realidade em todas as suas nuances. Em todos os seus contrastes. Agora, isto não significa que se deva terminar na hora esse relacionamento obrigatoriamente, se ainda se está amando a outra pessoa.

É momento de falar, de colocar às claras qual é a situação e dizer o que você sente e o que você precisa. Não se trata de evadir o problema. Se esse compromisso lhe interessa, você dará tudo que for possível para mantê-lo.

Agora, para que um relacionamento prospere ou cure essas carências que machucam, o esforço deve ser mútuo. Na hora em que um oferece mais e o outro só apresenta as suas desculpas, a paciência se perde completamente, e com ela, a decepção se transforma em um abismo.

A paciência não é a capacidade de esperar, e sim a habilidade de compreender que merecemos coisas melhores.


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