Ele tinha o sorriso mais lindo, a boca contornava seus dentes e ele parecia um desenho perfeito, tudo se enquadrava e se encaixava, pelo menos pra ela. Ela achava que ele era o seu “sapato da vitrine”, aquele que a gente olha e pensa: “meu Deus, esse tem que servir, tem que ser meu número”. Então; era assim que Ana pensava, “ele” tinha que servir pra ela, ele tinha que ser seu número.
Ela o viu passando pela rua, assim como um qualquer, mas para Ana não, para Ana ele era uma espécie de ser do outro planeta, no melhor dos sentidos.
E todos os dias ela esperava na lanchonete da esquina, sentava na mesa de fora, abria sua revista, pedia um café, e como se estivesse num bistrô, por que Ana era uma menina chique, mais ou menos igual àquela historinha que dinheiro não compra classe, sabe? Então, Ana não tinha dinheiro, mas é uma menina que nasceu pra ter, conversa muito bem, se porta como uma lady, é realmente uma rica menina pobre.
Sentada, tomando seu café, ela esperava por ele, e ele passava e bastava seu andar pra alegrar o dia de Ana. Faltou-lhe coragem, Ana tremia e nunca conseguia ir falar com ele.
Até que um dia ela decidiu que falaria com ele, então ele veio e Ana com toda sua coragem se preparou para abordá-lo mas, ele veio e dessa vez não estava sozinho, vinha acompanhado. E como quem recebe uma facada silenciosa no peito, Ana sentou, voltou para o seu café e sua revista e se contentou em ver seu sorriso indo embora acompanhado por um metro e setenta de pernas e longos cabelos negros.
Ana, que nunca se sentia só, nesse dia sentiu a dor do amor, a tristeza de amar e não ser notada, a dor que corrói, que aperta, uma dor que nunca havia sentido, ela queria arrancar a roupa, tirar o seu coração com a mão, fazer alguma coisa que fizesse com que a dor passasse, já que remédio algum resolvia aquele problema.
Mas Deus mandou um remédio, e sentada mais um dia no seu café amargo, “outro ele” chegou, pediu pra sentar e disse observava ela sempre ali na lanchonete e a convidou pra almoçar. Não, esse não era o seu número, pelo menos ela achava que não.
Mas a vida sempre prega essas peças na gente, e quando menos esperamos encontramos um sapato que cabe sim, certinho, como um encaixe perfeito no pé. Aquele sapato que fica escondido na vitrine de dentro e que você não olha por que colocou na cabeça que só serve aquele que viu, mas aí com a ajuda da vendedora você encontra aquele escondidinho e vê que ele é seu número.
Aí sabe aquele primeiro sapato que fez seu coração bater forte, sua boca secar e foi embora em outro pé?! Ele não era seu. Ana presta atenção, ele ficou melhor nela. Já esse escondido, parece que foi feito pra você. Tem os olhos mais doces que já vi. Ele era meu sapato da vitrine, mas ficou melhor no seu pé.
...
Então uma dia você resolve sair para caminhar e vai de “buchinha” de cabelo roxa, calça de moletom de 1900 e lá vai tampinha, suada, descabelada, sem maquiagem e na volta passa no supermercado e “tchãram”: nos congelados você deixa cair no chão alguma coisa e surge ele gentil e carinhoso oferecendo para ajudar com seus desastres, vocês trocam olhares e telefones, depois de 6 meses estão casados e pronto! Ponto final, a felicidade existe!
Acontece que a vida flui. Quando nos conectamos com nossa alma a vida simplesmente se mostra, porque ela já acontece o tempo todo, mas nós estamos presas demais a um mundinho medíocre de acreditar que autoestima é apenas um cabelo bem escovado, um corpo sarado e uma roupa maneira. Autoestima é esse amor que está perdido dentro de você.
Entender o amor próprio pode ser tão desafiador quanto amar outra pessoa. Amar a si mesma é saber que você não vai esperar de ninguém a felicidade vinda de presente, é entender que a opinião das outras pessoas não é mais importante que as convicções que você tem de si mesma, é saber que você pode estar de buchinha roxa, suada, toda largada e ainda assim estar linda de uma maneira diferente. Eu costumo dizer que o simples não é o mais fácil e, por isso, o autoamor é tão complicado de ser entendido, processado e vivenciado. Amar a mim mesma, sem amarras, sem histórias, sem precedentes é muito mais complicado do que direcionar esse amor para alguém que possa fazer por mim.
O amor realmente não escolhe hora para acontecer, ele pode chegar na sessão dos congelados do supermercado, mas se você estiver distraída em relação a você mesma, se estiver alheia à sua própria vida, ele pode passar e você nem perceber. Então, antes de procurar fora, comece a procurar dentro e você vai conhecer a pessoa maravilhosa que habita seu ser, assim o resto do mundo, não no sentido pejorativo, mas o resto do mundo será uma consequência da sua vida. Abra as portas do amor para sua vida!
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