"Que fim levaram todas as flores?
Que a criança às vezes me pedia"
Que a criança às vezes me pedia"
Meio dia já tô tacando o pé na porta! Ansiando o silêncio necessário, vou bem devagarinho pra sala dos professores, na tentativa de mudar o registro, entrar noutra vibe, que é tão pesada quanto. E não teria que ser assim. Tô falando de uma escola de crianças, poxa!!!
Ontem, a única diferença é de que a sala dos professores seria só passagem: sexta feira é dia de vir embora mais cedo.
Guardei meus diários, meu pote de canetas e, mais que depressa, apressei-me pra sair, quando percebi um aluno, com o capuz da blusa na cabeça, andando na chuva, pra secretaria. Chamou-me a atenção... Fiquei olhando sem pensar na cena que assistia. Ele foi e voltou... Vi que era meu aluno e ele segurava um buquê de flores pegadas de algum jardim, nas mãos. Pensei, não sem sentir ciúme: - A Cris, tb vai ganhar flores. Ele me olhou, subiu pela rampa, encostou na grade e estendeu as mãozinhas cheias de flores murchas: - Vc, esqueceu, Prô!
Segurei a lágrima, a vergonha (eu normalmente tomo este cuidado de trazer, pelo menos até a sala dos professores, tais presentes!), recebi as flores, dei-lhe o rosto para um beijinho e não consegui parar de pensar neste acontecimento até agora, quase 24h depois.
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