Gritomudo

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quarta-feira, 21 de maio de 2014

ROSAS VERMELHAS

Ela chegou em casa e, num rompante, abriu todas as portas e janelas. Compreendeu afinal que deveria deixar o amor entrar... Queria ganhar flores. Doida pra que alguém lhe oferecesse o que mais amava: flores. Mal sabia ela que cultivava uma grande roseira espalhada no ventre. A roseira sobe, atravessa sua carne e sua alma. Nasce da planta dos pés e se dissolve nas águas, nos sonhos da sua cabeça. Ela queria ganhar rosas, das mais vermelhas possíveis. Ela pensa como uma impensada roseira que só pensa em rosas. Pensa de folha a folha, de espinho em espinho, parando em cada nó. Seu pensamento rende um orvalho inocente e quando sua boca se abre, por cima voam horas, dias semanas, verão, outono, inverno. Ela queria ganhar uma flor doce, que mudasse de cor. Uma flor que anunciasse a felicidade no meio da noite. Mal sabia ela que com suas sutilezas era como uma flor para os mundanos. Ela com seus pensamentos de rosas alagava a estéril vida masculina. Ela inunda a inteligência do poema com sua seiva de vermelho brilhante. Continua a desejar rosas vermelhas, mal sabendo que é, ela própria, uma roseira.

Ele se olhou no espelho e sorriu. Pela primeira vez percebeu que em seus olhos havia uma luz diferente. Voltou pra festa inspirado. Olhou pras pessoas com outros olhos, eram olhos novos que vieram junto com uma consciência ampliada. Estava animado também, queria dançar e se divertir. O DJ tocava uma música cubana, ele foi pro meio da pista com o coração a explodir de amor e gratidão pela vida, pela música e por todos os que estavam ali. Seu chacra cardíaco estava realmente enorme, expandido. Enquanto dançava enviava bençãos para todos, afinal, sentia que todos e tudo também eram parte dele. Isso é felicidade? Perguntava a si mesmo...

Foi até a cozinha buscar água, depois de algumas cervejas era o que mais precisava. Estava contente da vida, seu corpo todo sorria. Lá num canto da cozinha estava ela com um vestido azul. Uma visão paralizante. De onde a conheço? Não, ele não a conhecia... ao menos nessa vida. E não teve dúvidas, precisava dar um jeito nisso. Em cima da geladeira havia uma rosa vermelha. Imediatamente soube o que fazer...

Ela foi presenteada com uma rosa vermelha por um homem desconhecido. Não havia notado sua presença ali, entre tantas pessoas. Assim, de surpresa, lá estava ele a oferecer aquela flor. Era justo o que ela mais desejava! Um pensamento passou por sua cabeça: a rosa vermelha é o amor junto com o desejo... 
 
 
...porque eu sou ROSA...

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