Gritomudo

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sábado, 11 de agosto de 2012

"Não quebrar correntinha de ouro!"

Ana Mula, Carniça, Pula Sela, Mão na Mula...
Essa brincadeira, quando criança, era, para mim, a mais legal, por conta do desafio. Pastelão Quente, Pular Saco de Arroz, Bombeirinhoooooo (cara!). Mas, quando o comando da "mãe" (que podia ser um menino!) era pra NÃO QUEBRAR CORRENTINHA DE OURO, sempre me comovia a sonoridade da frase.
Dia destes comecei a brincar com os alunos, não de Ana Mula, mas de Não Quebrar Correntinha de Ouro: estratégia para conseguir descobrir quem é quem debaixo de tanta areia. Damos as mãos bem forte e andamos pela quadra, passando por lugares estreitos e, desafiando as leis da aceleração, tem que correr e não pode soltar!

Hoje essa frase, não sei porque (mas, a resposta sempre vem!), me soa diferente. Acordei, assim, pensando em jóias, preciosidades, coisas valiosas...
Com uma das irmãs está um cordão (daqueles retorcidos) de ouro que era da minha mãe, com uma medalha nem sei de qual santo. Ele tem uma falha de solda. Depois de muitos anos descobriu-se que no lugar de ouro, havia cobre e a jóia perdeu seu valor monetário.

"O anel que tu me deste era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou..."

A expectativa da Cirandinha era ser escolhida pro meio da roda. Eu sempre queria saber (mas, não contava!) por quê não podia dizer outra coisa, já que a música mandava "diga um verso bem bonito". E eu já sabia alguns 'decor'...

Quando foi preciso, o cordão não pôde ser penhorado e um dos anéis que ganhei, que tinha a inscrição de uma oração poderosa e sagradíssima, tive que jogar no primeiro bueiro.

"Se essa rua fosse minha..." eu não ladrilharia com as pedrinhas de brilhante!
E se me chamarem pra brincar de Mês Castigo, topo na hora, mas de Mês, talvez eu me sinta tentada à escolher 'jóia', tendo como outras opções: cor, flor, fruta, fantasia e disco.

Se a correntinha de ouro quebrar, mesmo que conserte, fica a 'cicatriz'. O anel de vidro quebrou? Se não cortou teu dedo, 'ufa', mas se corta, mesmo que sangre tudo, a marca fica. Se o amor, ao passar na rua minha, escorregar e cair, as pedrinhas de brilhante vão cortar as palmas das mãos. A lembrança é ao quadrado: do tombo e da dor!
Mês Castigo é legal porque já se entra na brincadeira para sofrer. Mas, na variação, a expectativa é grande e a chance de acerto, mínima.

Quando as jóias eram de verdade, pude dar à elas uma utilidade bem nobre. Estas outras, que de tão delicadas não se mostram, ficam aqui (mesmo a de vidro!), guardadinhas no meu porta-jóias, até que eu saiba o que fazer com elas...

Minha correntinha de ouro é bem fininha feita de respeito e confiança.
Pode confiar nas minhas mãos em qualquer circunstância... Mas, uma vez quebrada, não tem concerto.



Eu quero ser o seu melhor... Mas, posso ser o seu pior.

...


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