Gritomudo

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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O que mais se vê por aí são amores sem amor...

...como aqueles de posse, donos um do outro tipo sequestrador e vítima, amordaçada e obediente. Um manda, o outro acata. São “felizes” assim nessa relação de sequestro, mesmo com a certeza de que esse contentamento tem prazo de validade. 
 
Existe também o amor de expectativa, onde uma vez superada, voa como mariposa pairando de flor em flor.
 
Em outra categoria estão os amores pífios e baratos. Dão feito chuchu na serra, e de tão ordinários, não chegam a valer nem 1,99. Sobrevivem por interesse, sem paixão, alguns se mantêm vivos apenas por gratidão. 
 
Tem aqueles amores de fogo, que incendeiam aldeias inteiras, na mesma rapidez que os lagos congelam no inverno da noite para o dia. Outros mornos e sonolentos, se rastejam sem saber pra onde ou porquê. Amor que dura, amor que acaba, amor que nunca foi amor.

Pessoas andam por aí oferecendo seus corações em bandeja como se fosse um petisco, pedaço de qualquer coisa. Depois de uma provinha ainda perguntam se querem mais. 
Mais coração? Aceita maminha? Coxa? Está satisfeito? 
Não senhor, muito obrigada.

Dizem eu te amo com a mesma frequência que saúdam o vizinho, o porteiro, ou a secretária. 'Te amo' virou sinônimo de bom dia. Beijo agora é obrigação, agradecimento por um olhar vazio, alguns minutos de falsa atenção, tapinha nas costas e meia dúzia de sorrisos amarelos.
Despir-se ficou tão normal que, se você não o fizer, será substituída quase que imediatamente por outra carne, o que vai te render algumas horas de terapia. E assim as pessoas vão colecionando amores, alternando corpos, transferindo sentimentos e atribuindo novas sensações antigas à outras mãos, outras bocas, outros e outras…

(Karen Curi)
 
 
 

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