Gritomudo

Gritomudo
#gritomudo

terça-feira, 14 de junho de 2016

Deixe o ego de lado e peça desculpas!

Aristóteles é o tipo de cara que dizia coisas interessantes como “o homem é um animal político”.

Basicamente, a ideia é que não nascemos sozinhos no mato, que estamos todos em constante relação uns com os outros, que, por mais contestável que isso seja, dependemos uns dos outros para viver.
De fato, o que seria de mim ou de você, por exemplo, se não fosse um tal de Tim Berners-Lee inventar a internet? O que seria do mundo hoje e da facilidade que temos de saber uns sobre os outros, bem como saber tudo sobre todos, se não fosse um tal de Zuckerberg reformular os conceitos sobre contato humano em rede, além de uma dupla, Larry Page e Sergey Brin, inventar o tal do buscador mais útil do mundo?

Eu não sei o que seria da gente e das pessoas que conhecemos se não fosse uns poucos gênios fazerem coisas que mudaram diretamente nossas vidas. Mas eu sei o que seria de mim, de você e do mundo se não soubéssemos pedir desculpas, seja neste tempo de amores virtuais ou numa vida mais remota – onde a Dercy Gonçalves ainda estaria aprendendo uma língua para profetizar seus palavrões (brincadeira).

Precisamos entender que, embora os dias de hoje nos adestrem a uma vida individualizada, isolada de um contexto de relações mais orgânicas e viscerais, tudo o que temos, o que somos e o que fazemos está direta ou indiretamente ligado às pessoas e ao mundo à nossa volta. Você pode bradar a sua independência financeira, mas não pode desmerecer a existência de seu empregador ou cliente. Você pode dar uma de Supertramp e fugir do mundo, mas não pode deixar de concluir, fatidicamente, que “a felicidade só é real quando compartilhada”. A vida não gira em torno da gente, nós é que rondamos à sua volta.

Por isso, precisamos aprender a nos desculpar. Precisamos pois os fatos nos levam a assumirmos a posição de que nada somos sem os outros. O lar onde nascemos, a vida que tivemos e que temos, até mesmo as projeções de futuro que fazemos – tudo tem relação direta com o mínimo de contato humano na Terra (seja para o bem ou para o mal). Assim como eu preciso da sua existência para me ler, você precisa da existência de pessoas que escrevam para satisfazer os seus desejos textuais.
Então reflita sobre as vezes em que você rompeu uma relação por receio de tornar pública a fragilidade de seu ego. Pense, seriamente, sobre os momentos de intriga que você cultivou com a desculpa de que a treta foi necessária, pois você “tinha razão” – assim então cometendo um auto-engano. Você percebe que, com o simples ato de evitar se desculpar, você acabou criando um clima hostil, no qual o fato de precisarmos uns dos outros fica pesado demais para se suportar? Você sabe o que é isso, não queira se enganar agora.

Saiba: pedir desculpas é uma bênção. Não porque você admite estar errado, longe disso. Nem sempre quem se desculpa cometeu algum erro. Às vezes, fazemos porque entendemos que a relação que temos com a pessoa a quem pedimos desculpa vale muito mais do que a sensação de estarmos certos.
Quando entendemos isso, acabamos nos libertando do esforço de cultivarmos uma imagem forte de nós mesmos, nos libertamos da tirania de uma visão de aceitação social que, embora aparentemente soe atraente, apenas acaba afastando ainda mais as pessoas de nossa volta. E nós precisamos delas.
O amor à qualidade de um relacionamento deve superar o desejo por dar biscoitos ao próprio ego. Não queira empanturrar sua autoestima às custas do flagelo alheio. Você pode fazer diferente. Você é mais do que isso.


Nenhum comentário:

Postar um comentário