Gritomudo

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quarta-feira, 27 de abril de 2016

"(...) Sair por essa vida aventureeeeiraaaa..."

HASHTAGSÓQUENÃO

"** - Em algum momento vc já se sentiu incorrigível?

* - O TEMPO TODO!!!"

Minha reação diante desta pergunta foi a melhor possível: desatei numa risada sem fim, porque, na minha cabeça, passou um filme.
Lembrei-me de várias situações extremamente divertidas, resgatei, por alguns minutos, a sensação da mais pura inocência. 

...

Há 64 dias que não coloco o pé esquerdo no chão e clamo pelo dia em que poderei fazê-lo. 
Nesse processo de espera meu corpo+mente+coração foi palco nas inúmeras emoções. Não saberia descrevê-las com detalhes, mas, certeza, saberei quando eu conseguir visualizar tudo 'de fora'.
Posso dizer que tive raiva, tive (e ainda tenho!) medo, que senti-me impotente diante de situações, senti vergonha e tive que fingir que aquele sentimento não me pertencia, senti-me indignada, expus-me e fui exposta ao perigo... Mas, senti de pertinho a solidariedade das pessoas, senti enquanto recebia vibrações de cura (e foi incrível!), recebi visitas impensáveis!

SUPERAR sempre é o verbo do dia. 
Superar um desejo, uma vontade do que me é externo é fácil diante do superar-me, principalmente quando se trata dos humores flutuantes. A saída emergencial é senti-los. Demarquei um território, mesmo que no espaço comum, e revés pra quem o ultrapasse. Mas, coloco-me um prazo e o desafio é cumpri-lo. E se não der pra cumprir com louvor, tudo bem, tb.

Curioso o dia em que fui pro hospital pra mais uma troca de gesso. Na verdade, neste dia, a minha expectativa era a de sair andando (ato falho: eu não tinha levado o outro pé do tênis!) com meus dois pés no chão. Mas, sai com uma carta de encaminhamento para avaliação cirúrgica. 
Eu já havia me emocionado enquanto tirava o gesso pro exame. Resumindo, eu chorei mais ou menos da hora em que cheguei no hospital até a hora em que fui embora. E uma boa parte da sala de espera chorou comigo. O pior era explicar o motivo do choro que, antes do encaminhamento, não tinha!
Chorei de mão dada com um instrutor de Karatê que teve que colocar prótese nos dois joelhos e chorei sozinha no dia seguinte, até a mesma hora na qual havia saído do hospital, no dia anterior.

Dei um basta no sofrimento quando me ocorreu a possibilidade de perda do pé por negligência médica. Tive medo!
Então, em posse de um cartão de crédito zerado, fui prum hospital especializado, num médico cirurgião especialista em tornozelo. Voltei pra casa com o cartão mais zerado ainda, desta vez pra menos, mas com o coração tranquilo, como se alguém tivesse tirado a minha angustia com as mãos. O procedimento anterior não estava lá muito correto.

- Vc é obediente?

Não deu tempo de responder

- Vou te receitar o Robofoot, MAS VC NÃO PODE COLOCAR O PÉ NO CHÃO POR 3 SEMANAS!

O QUE SERIAM MAIS 3 SEMANAS, PARA QUEM JÁ ESTAVA IMÓVEL HAVIA 6??? 

Fotografei e postei meus pés em rede social com frequência, para ter a certeza não só minha de que estava, mesmo, melhorando. Passei sebo de carneiro capado que minha amiga (dp dessa posso considerá-la amiga!) de onde ela mora, usei tubos de gel de arnica, tomei muitos banhos azuis, exercitei o máximo que pude (recomendação médica!) as articulações, mesmo com o calo ósseo ainda em formação... E coloquei o pé só um pouquinho no chão de piso frio, pra sentir-me inteira.

Brigo dia sim e dia não com as expectativas. Talvez, eu não saia andando, nesta quinta, do hospital, mas... (começou a tocar a música que minha mãe ouvia quando ia pro meu pré-natal no táxi. Tão bom ter uma música só minha, mesmo que tão intensa... "Não posso viver, se viver é estar sem vc." Acho que é isso, a tradução, né?) o outro pé do tênis estará na bolsa.



Ainda tenho muito o que refletir sobre este fatídico acontecimento, mas prometo fazê-lo com bastante emoção. Mais fácil de ler, né?

"Só por hoje..." irei superar-me: preciso avançar na leitura de um livro, continuar a transcrever mais histórias de casamento, exercitar o pé mais 3x, dar atenção pra Teodora, que tem sido compreensiva (sim, parece que ela entende muito além das mudanças pelas quais estamos passando), assistir Canal Bis, documentário, filme de arte, ouvir a Rota 99, ler palavras de alento, conversar com o Francisco (encontrei um menino mais doido que... Não! Eu me faço e ELE O É!)

Ps: amei ver o coração do blog pulsando de novo. Pulso junto, por enquanto no mesmo ritmo: desacelerada.










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