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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

PRESUNÇÃO E GRANDEZA REAL - Por Eros*

Sobre verdejante relva uma violeta colorida exalava perfume. Um animal invejoso, então, ameaçou-a: 
- Esmago-te e se acaba a tua beleza. 
Respondeu-lhe a flor: - Se o fazes, abençoo-te com o meu perfume e viverei impregnada em ti. 
 
* * * Desgostoso com o brilho do pirilampo, coaxou o sapo repelente: - Cubro-te de baba peçonhenta e apago tua luz. 
O inseto pequenino sorriu e contestou: - Sacudindo tua peçonha de sobre mim, prosseguirei brilhando. 
 
* * * A flauta, recostada num estojo e veludo, zombou de ágil rouxinol numa gaiola de frágeis talas de palmeira: - Sou maior do que tu e mais nobre. Toda feita de prata, passeio por mãos perfumadas e recebo os beijos do artista que me sopra. E tu? 
A avezita feliz, surpreendida com o motejo, redarguiu: - De minha parte, não tenho inveja de ti. É certo que é bela e forte, enquanto sou pequeno e frágil. Apesar disso, consigo algo que jamais lograrás: sem que ninguém me sopre, eu canto. E passando à ação, pôs-se a trinar, embevecido. 
 
* * * A vela tremeluzente, espalhando fraca luminosidade, gabou-se de haver vencido a sombra. A estrela de primeira grandeza, fulgurante no Infinito, todavia não comentou nada. 
 
* * * A lagarta rastejante reclamava por viver naquela situação lastimável. A vida escutou-a e deixou-a dormir. Quando despertou, flutuava no ar como leve e feliz borboleta. 
 
* * * O regato risonho acusou a vegetação da margem porque esta lhe roubava o líquido precioso. Arrancada, impunemente, por mãos irresponsáveis, dela o córrego sorriu, vitorioso. Sem a defesa natural, que a sombra lhe propiciava, a ardência do Sol, por sua vez, absorveu a água, e o regato desapareceu. 
 
* * * O pavio, na lamparina, petulante, disse ao azeite em que mergulhava: - Como te desprezo, pegajoso e desagradável que és. O combustível calado prosseguiu, humilde, permitindo-lhe arder e iluminar, pois tal era o seu mister. 
 
* * * A soberba fenece, após o brilho ilusório, enquanto a humildade permanece e felicita. Seja você aquele cuja importância ninguém nota, mas, quando se encontra ausente, nada funciona. Cumpra, assim, com o seu dever, e não se preocupe com a presunção dos que estão enganados em si mesmos. Você é vida! Aja com inteireza e nunca passará. 
 
(Recebido espiritualmente por Divaldo Pereira Franco - Texto extraído do excelente livro “Em Algum Lugar No Futuro” - Leal Editora).


22:33
Copiei e vou colar no blog!
Obrigada, Fe!

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