"Não. Não escrevo o que sou. Escrevo o que não sou.
Sou pedra. Escrevo pássaro.
Sou tristeza. Escrevo alegria.
A poesia é sempre o reverso das coisas. Não se trata de mentira. É que nós somos corpos dilacerados - 'Oh! Pedaço arrancado de mim'. O corpo é o lugar onde moram as coisas amadas que nos foram tomadas, presença de ausências, daí a saudade, que é quando o corpo não está onde está...
O poeta escreve para invocar essa coisa ausente. Toda poesia é um ato de feitiçaria cujo objetivo é tornar presente e real aquilo que está ausente e não tem realidade."
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