Gritomudo

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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Pudim

Não há nada que me deixe mais frustrada do que pedir Pudim de sobremesa, contar os minutos até ele chegar e aí ver o garçom colocar na minha frente um pedacinho minúsculo do meu pudim preferido. Um só. 
Quanto mais sofisticado o restaurante, menor a porção da sobremesa. 
Aí a vontade que dá é de passar numa loja de conveniência, comprar um pudim bem cremoso e saborear em casa com direito a repetir quantas vezes a gente quiser, sem pensar em calorias, boas maneiras ou moderação...
O PUDIM é só um exemplo do que tem sido nosso cotidiano. 
A vida anda cheia de meias porções, de prazeres meia-boca, de aventuras pela metade. 
A gente sai pra jantar, mas come pouco. Vai à festa de casamento, mas resiste aos bombons. Conquista a chamada liberdade sexual, mas tem que fingir que é difícil (a imensa maioria das mulheres continua com pavor de ser rotulada de 'fácil'). 
Adora tomar um banho demorado, mas se contém pra não desperdiçar os recursos do planeta. 
Quer beijar aquele cara 20 anos mais novo, mas tem medo de fazer papel ridículo. 
Tem vontade de ficar em casa vendo um DVD, esparramada no sofá, mas se obriga a ir malhar. 
E por aí vai. 
Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação... 
Aí, a vida vai ficando sem tempero, politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão...
Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'. 
Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança e os 10 mandamentos. 
Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. 
Recusar prazeres incompletos e meias porções.
Até Santo Agostinho, que foi santo, uma vez se rebelou e disse uma frase mais ou menos assim: 
'Deus, dai-me continência e castidade, mas não agora'... 
Nós, que não aspiramos à santidade e estamos aqui de passagem, podemos (devemos?) desejar vários pedaços de pudim, bombons de muitos sabores, vários beijos bem dados, a água batendo sem pressa no corpo, o coração saciado. 
Um dia a gente cria juízo. 
Um dia. 
Não tem que ser agora. 
Por isso, garçom, por favor, me traga: um pudim inteiro, um sofá pra eu ver 10 episódios do 'Law and Order', uma caixa de trufas bem macias e o Malvino Salvador, nu, embrulhado pra presente. OK? 
Não necessariamente nessa ordem. 
Depois a gente vê como é que faz pra consertar o estrago...

(Martha Medeiros)

*Eu não gosto de pudim, pois é feito de leite. Não gosto de leite. Mas, gosto de doces cremosos. Me acabo num sonho; bombons, tem que ser a caixa toda, começando pelos mais gostosos; sorvete com direito a calda extra e pedaços de morango. Assim é que é!!!
Me apaixonar... Ai, como meu coração é vagabundo! E gosto disto!!! Me jogo pra valer... A paixão acaba e o que vier depois é lucro. Penso no hoje, pois amanhã pode não ter. Então, fico bem à vontade. Assustou?
20 anos mais novo??? É muito, mas se for uns 10, 12, posso até pensar na possibilidade, já que aparento ter 10 anos menos (ah, genética adorada!)... 
Juízo? Só posso ser exatamente como sou, porque tenho muito! Vôo pra caramba, tenho dificuldade de manter os pés no chão por muito tempo. Mas, juízo tenho e não sobra. Na medida certa!
Continuo atrevidamente inadequada, mas já me preparando pra verificar os estragos... 

Ps: Malvino Salvador, pronta entrega? Obrigada, não! Meu desejo, no momento, é por alguém que é o dobro do Malvino em tudo!!! Ai, doce deleite!

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