Gritomudo

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sábado, 11 de maio de 2013

Uma visita a um centro de reabilitação espiritual


Certa vez, deitei-me e adormeci, e quando recobrei minha consciência senti uma mão tocar meu braço e ouvi uma voz feminina: “- Levante-se meu filho, temos uma visita a fazer.”

Sentei-me na cama e percebi que meu corpo físico continuava deitado. Dei-me por conta que já estava desdobrado, e quem causara o desdobramento havia sido aquela senhora a minha frente.

Era uma senhora que aparentemente passava dos cinquenta anos. Tinha os cabelos grisalhos e a pele morena. Perguntei-lhe o seu nome e ela respondeu: “Me chame de Maria”.

Quando levantei e olhei à frente, já estávamos frente a um grande portão de ferro que ela abrira com uma chave. Quando adentrei o portão, vi do outro lado uma espécie de aldeia, uma pequena vila cercada por altos muros brancos. A vila tinha chão de terra batida e as simples casas que lá tinham eram feitas de tijolinhos à vista.

Havia muitas crianças lá que corriam descalças de um lado para o outro, brincando com a terra e com água. A maioria parecia feliz, gargalhavam e pulavam de um lado ao outro apesar de muitas delas terem problemas físicos aparentes.

Maria me apresentou alguns adultos que percebi serem os responsáveis por cuidar daquelas crianças. Todos eram muitos simpáticos e alegres e, em seus olhos, eu via muita seriedade.

- Esse lugar tem a ver com a Umbanda? Perguntei.

- Tem a ver com um trabalho de reabilitação desses pequenos espíritos. Pertencemos a Deus, mas deixando familiar para você, estamos ligados à Evolução. Percebe os elementos aqui?

Realmente a forma plasmada do local com muita terra e água deixava evidente do que ela estava falando.

Neste momento percebi uma criança paralisada próxima a um muro e fui a sua direção. Maria me acompanhou e notei que outras pessoas não ligadas ao local, que até então eu não havia percebido, também me acompanharam.

Apesar de não mudar em nada sua fisionomia, que tinha os olhos perdidos no nada, a criança começou a dar passinhos para trás conforme eu me aproximava, e só parou quando se encostou ao muro atrás dela. Neste momento parei em respeito a sua necessidade de manter distância.

O que me veio à cabeça foi projetar energia para essa criança através das mãos e, por estar onde estava, pedir aos Orixás ligados aquele centro, Obaluayê e Nanã, para permitirem e ampararem o que eu havia sido intuído a fazer.

De minhas mãos projetou-se uma luz branca que cobriu toda aquela criança, enquanto as outras pessoas que estavam lá também faziam o mesmo. Só parei quando recebi um esguicho de água no rosto que veio de uma das crianças enquanto as outras davam risada e vinham também na minha direção.

Brinquei com essas crianças por um tempo que não sei precisar, até que Maria aproximou-se e disse às crianças que o tio precisava voltar para casa.

Abraçou-me, agradeceu dizendo que o pouco que eu havia feito daria resultado quando somado ao pouco de muitos que também ajudavam, mas que ajudavam com muito amor no coração. E nesse momento transformou-se, e o que vi foi uma doce preta-velha à minha frente.

Saudei-a sorrindo e ela retribuiu a saudação, pegou-me no braço e conduziu-me até o portão.

Agradeci pela oportunidade e pelos ensinamentos e, quando dei por mim, estava acordado em minha cama e muito feliz pela experiência.
 
* por André Gonçalves Santos
(este texto compõe o material teórico do curso online DESDOBRAMENTO ASTRAL do Instituto Cultural Aruanda)

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