Gritomudo

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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

"Setembrochove?"





...e eu ali, parada na porta, observando a beleza da água que caia na contra-luz. Não sentia medo, mas pensava no quanto ficaria feliz por estar logo em casa, segura debaixo do cobertor.

Por vezes me pareceu que o caminho de casa era algo inalcançável. Ouvia perfeitamente o som dos ponteiros do relógio. Não conseguindo ignorá-lo totalmente, tirei-o do pulso e o sufoquei no fundo da bolsa.

Dei mais dois passos na direção da rua, enquanto pessoas passavam por mim e pediam 'licença'. Eu olhava para elas com sobrinhas, guarda-chuvas, capacetes, capas e eu com minha blusa velhinha e confortável que pensei nem fosse usar.

Então, num ato de coragem, tirei a blusa e cobri a cabeça; abracei as mangas no meu pescoço, num impulso de auto proteção e me joguei rua abaixo.

Enquanto eu driblava a incerteza do caminho de casa e a escuridão do mundo, murmurava melodicamente um refrão delicinha de uma letra que eu não entendo.

As frases são minhas
As verdades são tuas
Enquanto te desejo
Me vejo chorando no meio da rua

Beijo teu sorriso num dia de sol
Que entra pela porta
E canta pela janela

A noite mãe do dia
Molhava tua boca
Na língua da poesia
Oh, meu grande amor, de versos perdidos

Murmurando na chuva com um refrão
Que só faz sentido
No fundo da cama


E assim cheguei em casa:

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