Eu já escuto os teus sinais...

 

Na bruma leve das paixões
Que vêm de dentro
Tu vens chegando
Pra brincar no meu quintal
No teu cavalo
Peito nu, cabelo ao vento
E o sol coarando
Nossas roupas no varal
Tu vens
 Eu já escuto os teus sinais
 
A voz do anjo
Sussurrou no meu ouvido
Eu não duvido
Já escuto os teus sinais
Que tu virias
Numa manhã de domingo
Eu te anuncio
Nos sinos das catedrais

Me lembro da primeira vez... 

Andávamos na rua, descompromissados. Dois adolescentes depois da aula. 

Enquanto caminhávamos e conversávamos (eu mais ouvia do que falava) ele, num ato desavisado de menino, tirou a camiseta.

Me esforcei-me para não parecer surpresa diante da situação. Talvez aquele tenha sido o momento de maior intimidade de todos os que tivemos.

Dei-me a desculpa da falta dos óculos e não olhei mais 'pro' lado. A pele, que de tão branca, refletia bem forte a incandescência do sol.

Tamanho o desconserto, tropecei algumas vezes nos buracos da calçada, e, volta e meia, me pegava ajeitando os botões da camisa, na altura do peito.

(Quer continuar???)