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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Bolachão!!!

A rotação acelerada do cotidiano da cidade magnetiza diferentes tribos, inspirando rocks enérgicos, canções românticas, beats minimalistas. E, de uns anos para cá, um velho conhecido voltou à atividade na cena musical profusa de São Paulo: o disco de vinil. Objeto de culto entre jovens e velhos, ele roda nas picapes de DJs, é formato de gravação de artistas consagrados e novatos e o centro das atenções em feiras que viram baladas vespertinas de domingo. O prestígio das bolachas de PVC está, afinal, lustrado e sem arranhões. E as lojas de discos, que já correram risco de extinção, são o epicentro dessa cultura, rendendo bom programa para aficionados, curiosos ou apenas para encontrar um bom presente (ou automimo).

Sinal dos tempos, além de grandes livrarias como a Cultura, que têm vinis em suas estantes, até a popularíssima Casas Bahia (http://j.mp/TOSP_bahia) vende ‘bolachões’ pela internet. Apesar da praticidade de compra de bons LPs pela Amazon (http://j.mp/TOSP_amazon), por exemplo, nada substitui a experiência das lojas e, sobretudo, com os ‘disqueiros’. Deixe a timidez de lado e puxe papo com eles: você sairá com mais repertório da história de bandas e álbuns, capas e edições, gravações e grupos novos.

Nos anos 1980 e 1990, o ponto de encontro era a Galeria do Rock, no Centro. Hoje ela tem mais lojas de roupas e estúdios de tatuagens do que de discos, ainda que tenham restado algumas poucas e boas, como a Baratos Afins, o que já vale a visita. O prédio de 1963, de desenho moderno e ondulado, assinado por Alfredo Mathias, até hoje ostenta o sobrenome roqueiro. Aproveite o passeio e vá à Galeria Presidente, ali perto, outro prato cheio, com boas lojas como a Zoyd.

Também próximo dali está um dos principais redutos hoje, a Galeria Nova Barão, que mudou de cara rapidamente. Cabeleireiros deram lugar a uma série de lojas de discos – são 15 reunidas no primeiro andar. Aos sábados, o movimento de músicos, DJs e amantes de som é intenso.

Mesmo na era digital e da livre troca de música via downloads, até o inventor do iPod, Steve Jobs, ouvia vinis em casa. Ele e Neil Young trabalhavam para chegar em um formato de som digital mais próximo do analógico. É justamente aí que está o fetiche, a qualidade sonora. Nos formatos digitais, o som é comprimido, enquanto no vinil ele é encorpado.


“O CD tem mais volume e brilho, mas o som é achatado”, opina o músico e disqueiro Adão de Moraes Filho, mais conhecido como Fio, que já teve lojas na Galeria do Rock e coleciona e vende vinis há 33 anos. “O vinil tem utilidade emocional. Tem o fetiche, é chique, é uma alegoria.”

Lienio Medeiros/ Time Out São Paulo

A Eric Discos é uma das que tem mais raridades no acervo de 80 mil discos


A arte das capas e encartes em 31cm dos LPs, o contato com as letras, os nomes das músicas e os créditos de produtores e compositores são outras razões que valorizam o ritual de ouvir os lados A e B no toca-discos. Não é por acaso, afinal, que artistas apostam no formato para lançamentos – de Tatá Aeroplano a Rita Lee.

Há sites de financiamento coletivo, como o Embolacha, destinado especificamente a arrecadar fundos para gravação de álbuns, muitos deles em vinil. O compositor, músico e produtor de trilhas sonoras Paulo Beto é um exemplo. Ele tenta viabilizar pelo site a prensagem em vinil de seu terceiro álbum, Anvil Machine. “Quando se tem um bom aparelho para ouvir vinis, o som é mágico”, aponta.

O compositor e bandolinista Jack Rubens, da nova geração, conseguiu arrecadar o que precisava e lança seu primeiro LP em vinil no dia 13/10. “No vinil, a música chega mais viva, o som da guitarra é quente. É como o perfume natural de uma mulher do campo, sem Boticário e maquiagem”, compara.

As bolachas, pelo mundo, nunca pararam de ser fabricados ou usados pelos DJs. Mas hoje vivem um momento especial, com número expressivo de vendas, caso do álbum do Radiohead, ano passado. Nos Estados Unidos, Jack White renova o formato com sua gravadora Third Man Records, que tem no vinil o carro-chefe. Ele lança novas bandas e relança artistas lendários como Wanda Jackson em PVCs multicoloridos, perfumados ou até com líquido psicodélico dentro.

Top 10 de lojas e disqueiros
Selecionamos dez lojas de discos de vinil imperdíveis em São Paulo. E pedimos aos donos para indicarem um LP precioso:
Eric Discos | Disconcert Record Shop | Baratos Afins | Big Papa Records | The Records | Locomotiva Discos | Zoyd Discos | Disco 7 Vinil | Ventania Discos | Mr. Groove Records


Festas

Nessas baladas, apenas vinis rodam nas picapes:
Clube do Vinil | Veneno Soundsystem | O Bingo do Benjamin

Feiras

Conheça duas das melhores feiras de bolachões da cidade:
Feira de Discos | Os Melhores Discos do Mundo

LPs da música brasileira

A Polysom relança álbuns clássicos em vinil. Leia nossos comentários.

Escrito por Fabiana Caso
http://www.timeout.com.br/sao-paulo/musica/features/415/toca-vinil

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