Gritomudo

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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Os dígitos...

Os dígitos vermelhos do rádio-relógio ainda marcam a hora exata em que você saiu da minha vida.
A chuva fria, o automóvel, o olhar de falsa loura, o adeus como um bombom de goma arábica na boca.
Ter de sair assim do seu caminho, ter de agora virar "amiguinho". Você não sabe eu estou tão sozinho...


Os olhos vermelhos de assistir TV na madrugada em que você saiu da minha vida.
O vídeo, o telefone, o fax, o Diempax, a pizza gelada, a janela escancarada respingando céu na roupa.
Olhando asfalto como se fosse praia, conversando com as samambaias... Elas entendem os de minha laia.
Tudo ficou tão quieto: os gatos do vizinho, as goteiras do teto. Tudo ficou tão chato, que eu já não sei (que eu já não sei!)
Tudo ficou tão chato: o banho de porta aberta, deitar na cama de sapatos.
Tudo ficou tão quieto, tudo ficou tão quieto... Tudo ficou tão chato!
O mundo agora está tão absurdo! Desabafei com um criado-mudo (ele concorda comigo em quase tudo!)
Ter de sair assim do seu caminho...
Do seu caminho...

(Kleber Albuquerque)

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