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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Poligamia???



Há 23 anos amo tanto meu marido quanto meu amante!”
Regina Navarro Lins

Comentando a pergunta da semana




Ilustração de Lumi Mae
Comentando a Pergunta da Semana

Sandra, professora universitária, 47 anos, casada há 26, me procurou no consultório. Abatida, relatou o difícil momento pelo qual está passando. “Nunca pensei que chegaria o dia de ter que fazer uma opção tão dolorosa. Há 23 anos amo tanto meu marido quanto meu amante! Só que meu amante vai para outro país assumir um cargo importante na empresa em que trabalha. Insiste para que eu tome coragem e vá com ele. O problema é que amo os dois e não gostaria de ter que abrir mão de um deles. São totalmente diferentes, mas cada um me completa de uma forma. Minha vida sexual é ótima; cada um é de um jeito, mas adoro fazer sexo com os dois. Não sei que atitude tomar.”

A maioria das pessoas, 78%, que respondeu à enquete da semana, declarou já ter amado mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Isso indica que o caso de Sandra é mais comum do que se pensa. Alguns internautas reforçaram essa ideia:

“Acho possível amar dois homens ao mesmo tempo. Continuo amando um homem com quem me relacionei há muitos anos, embora ame também o meu marido. O amor verdadeiro não acaba.”

“Entre namoro, noivado e casamento lá se vão 32 anos que conheço minha esposa. Amo-a muito, mas assim como tudo no mundo, ela não é perfeita. Por isso amo também outras imperfeitas. Elas se complementam.”

“Já passei por esta situação. Ainda passo. Hoje eu sei o meu lugar e até onde posso chegar. Sou casado. Amo minha esposa, mas sinto algo parecido com uma outra mulher.”

Entretanto, nem todos aceitam bem essa prática. Afinal, desde que nascemos, muitas coisas nos são ensinadas como verdades absolutas. Todos os meios de comunicação participam ativamente — televisão, cinema, teatro, literatura, rádio —, sem contar a família, a religião, a escola, os vizinhos.

O condicionamento cultural é tão forte que chegamos à idade adulta sem saber o que realmente desejamos ou o que aprendemos a desejar. Isso ocorre em todas as áreas, portanto, também no que diz respeito ao amor. Fomos estimulados a investir nossa energia amorosa/sexual somente em uma pessoa e a acreditar não ser possível ter mais de um amor de cada vez.

Para quem está vivendo essa situação, surgem muitas dúvidas a respeito dos próprios sentimentos, na mesma medida em que o sofrimento é grande para quem descobre que o parceiro (a) está amando alguém mais. Ao fazer com que todos acreditem ser impossível amar duas pessoas ao mesmo tempo, o nosso modelo de amor torna inquestionável a conclusão: “se amo uma pessoa, não posso amar outra” e “se ele ama outra pessoa é porque não me ama”.

Contudo, não duvido de que podemos amar várias pessoas ao mesmo tempo. Não só filhos, irmãos e amigos, mas também aqueles com quem mantemos relacionamentos afetivo-sexuais. E podemos amar com a mesma intensidade, do mesmo jeito ou diferente. Acontece o tempo todo, mas ninguém gosta de admitir. Há a cobrança de rapidamente se fazer uma opção, descartar uma pessoa em benefício da outra, embora essa atitude costume vir acompanhada de muitas dúvidas e conflitos.





*No hay reflexón... Apenas vivo!
(05/02)

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