Gritomudo

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domingo, 8 de maio de 2016

Do Dia das Mães.

Vez em quando levo uns sustos quando, distraída, vejo-me sob a ótica do espelho. Por ângulos, tenho um lado Ritinha 'iscrutuzinho'. Uns 'pantinhos' dela, uns movimentos dela...

Esta semana, eu que tenho vivido com o fone no ouvido (às vezes até sem música, para melhor escutar minha música interior!) ouvi uma conversa lá da sala. A irmã 1 falava para a irmã 2: 

- Ela falava que não tinha, assim, um preferido, mas que ela cuidava mais da Eliana porque ela 'precisava mais'. 

Eu, que já tinha ouvido esta conversa antes, concluía que era puro ciúme e blá, blá, blá... Depois de um tempo, comecei a achar que todos precisávamos igual. E hj vejo que, na sua sabedoria maternal, D. Rita tinha TODA RAZÃO: de todos os filhos eu fui quem, de verdade, precisou mais, até o último dia dela.

- Vc tá lavando suas calcinhas???

Foi uma das nossas últimas conversas. 

Por causa dela eu segui no Teatro (ela não perdia um trabalho meu, por 'mais ruim' que fosse!); por causa dela eu trabalhei numa rádio pirata, sob acobertamento dela eu ia nos bailes das 10 às 4... Pensando bem, as piores infrações cometidas foram sob a tutela dela.
Na sua sabedoria, creio que ela deve ter percebido que eu  PRECISAVA ser diferente das outras e criou condições para isto.

Fera, Nega, Lana, Laninha, Éliana (com o 'e' BEM acentuado...) são só alguns destas facetas que ela percebia bem. 

Lembro-me de um dia que fomos ao Teatro, meio recente à data da sua morte. Era um espetáculo musical muito divertido embalado por músicas 'do nosso tempo': 'Cafona, sim, e daí?' Eu, que já estava pelas tampas de tanta emoção, comentei com uma amiga que minha mãe adoraria assistir àquilo.
No fim do espetáculo, um dos 'cantatores' responsável pelos agradecimentos (sim, ele havia feito uma graça conosco em algum momento do espetáculo), agradeceu à todos que haviam participado naquele dia, à Eliana, À MÃE DA ELIANA... Como assim??? Em momento algum eu havia dito... Não de forma que ele escutasse, pois ele estava no palco na hora em que comentei.
Por esta e por outras, eu ACREDITO que há um antes e um depois desta minha estada nesta Terra. E acredito que Ritinha ri em litros das minhas presepadas, Talvez, por mecerimento dela, ela tenha escalado mais de um anjo da guarda pra esta que vos escreve, pois apesar de tudo, sinto-me muito protegida. Espero que, de verdade, ela não possa ver-me chorando, pois ela costumava ficar arrasada com a minha tristeza.

Na última noite na qual a vi, a intenção era a de entrar escondida no hospital. O fato é que não havia ninguém na portaria da internação, então, entrei numa boa. Ela ficou MUITO brava e mandou-me embora. Fiquei mais um pouco, só pra mostrar à ela quem mandava ali, mas depois obedeci, porque manda mais quem obedece... E, no fim, eu sempre obedecia... Até no fim!


Nossa imagem esta borrada, quase sumindo... Não importa! Jamais esquecerei teu rosto, porque tenho-te no meu.




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