Gritomudo

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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Porque, comigo, nada é 'coisa pouca'!!!

"Desculpe, mas migalhas de amor não alimenta a fome que tenho."

(Deusa Poetisa)

Dp da trinca noite em claro - enxaqueca - quarto escuro, resolvi levantar sem tanta decisão do que fazer. A verdade é que eu PRECISAVA fazer algo com aquele ingresso, comprado num impulso consumista, admito.

Enquanto verificava, pela décima terceira vez, a pasta dos documentos que deveriam já 'de velhos' estar na outra pasta, pensava que a tentativa de vender na porta UM ingresso que me pertencia, poderia, de verdade, me levar para a cadeia. Na décima quarta tentativa de encontrá - lo, desisti! 

Consciência: "Talvez seja o Universo conspirando pra que vc não vá..."

Resposta: - Pois, encontrou a PIOR forma de me convencer!

Liguei o rádio e fui pro banho. A preocupação passou a ser: ir de Metrô, ou de Uber? Colocar um vestido curto, perfil daquele show, ou um 'discretinho' pra ficar mais à vontade?

A ocasião pedia uma maquiagem e minha cara, idem! Pálida feito uma folha de sulfite, fiquei me revezando entre os dois espelhos para não perder a mão. Perdi! Definitivamente, mesmo: o mate, batom vermelho é só para quem tem 'pegada'! Borrei e optei pelo gloss, preferido de todos os dias.

Toda em ordem (pelo menos, pro meu gosto!) em 35 minutos eu estava no local do evento, ensaiando sorrisos para todos, inclusive para o poster e para o poste. Na bilheteria fui vomitada por um texto pronto: - Só com B. O.!!!
Acho que minha cara foi tão explicita ao expressar minha surpresa indignada, que a moça resolveu trabalhar um pouquinho.

Ela voltou, narrou minha vida nos últimos oito anos, em oito segundos, e quando chegou na parte do mesmíssimo texto, não resisti... - Moça, EU NÃO FUI ROUBADA! O ingresso está muitíssimo bem guardado NA MINHA PRÓPRIA CASA.

- Ah, porque se vc jogou no li... 

- Moça! Tudo bem que minha consciência não é assim tão sã, mas ainda não cheguei ao ponto de rasgar dinheiro... E NEM DE JOGAR INGRESSO DA FILEIRA DA FRENTE no lixo!

Espera - espera - espera... O segurança veio me dizer, pela oitava vez, que havia guichê livre ao lado e eu, pela oitava vez sorri, mas mudei minha resposta: MOÇO, TENHO T.O.C. E NÃO UTILIZO GUICHÊS DE NÚMERO ÍMPAR. Obrigada, 'denada'!!!

'- Espera, que vou te acompanhar até a entrada!' 
Nem tive o gostinho de pegar o ingresso inteiro nas mãos. Com a metade que me restou, fui para o último lugar que havia na fileira da frente. Quem quer ver a banda toda, também, né? O importante é ver o cantor!!! Não 'meu riso não me convencia' (frase de música do outro cantor, sex symbol, pero no mucho).

Sentei - me nos ísquios, que nem mocinha (para fazer jus ao vestido elegante e discreto). Meu corpo pedia por carbo, tipo BATATA FRITA e por algo gelado, desde que fizesse um estrago pior do que faz a Coca -  cola: cerveja! - (...) Sem álcool, por favor (e o medo, não de ficar bêbada, mas da combinação bombástica, se misturada com Advil).
Não! Não tem copo da Budweiser feat 'galã'. Mas, se tivesse, no fim show eu sairia catando (com toda elegância, é claro!) todos os que eu encontrasse (grana e$tra para ga$tar no cru$eiro!).

Pouquíssimo para o início do show chegaram os ocupantes das outras 3 cadeiras: um marido (disfarçando sua indignação, que passados alguns minutos, acentuou, com a cerveja quente), a parceira e uma amiga.

Eu, de cara nas batatas, esquecida da cerveja e louca no celular, fui convidada pra um brinde. Logo de cara saquei a curiosidade do povo e 'das póvas': agradeci por não terem comprado a mesa toda!
Um tanto de conversa e o artista resolve, com sua previsível meia hora de atraso, iniciar o show, começando pelos backings. Ops! Tsc, tsc...!!!

Tudo muito dançante, porém, além dos gritos de 'toca lá em casa' e similares, as 'meninas' sentadinhas, agitavam nervosamente as mãos (calor e chapinha não combinam; e aparecer desgrenhadas da frente do artista, mesmo sem ser vista por ele, não pode!)

Assim foi, até a meia hora final, quando uma loira(sic) de vermelho passa por todxs e ocupa um lugar bem na frente do palco. A segurança, rapidamente, retira as marcações e as meninas correm, feitos loucas, para a frente do palco. Eu, tomada pela energia delas, sem pensar, fui também. Quando percebi eu era puxada, pelos braços, para cima.
Um momento de lucidez, fez - me agradecer pelo shortinho (ainda que curto!) por baixo do vestidinho suuuuuper larguinho, quando o assanhado vento escapou do ventilador. Algumas fofas, solidárias (ou não!), tentavam, praticamente em vão, organizar os tecidos levíssimos da minha saia. Eram dois: o cantor e o roldie liiiiindooooo, que me sustentavam pelos braços, enquanto eu apoiava o joelho do tornozelo lesionado (e, sim, de salto!), no proscênio. 

Comecei uma brincadeira: levantei - me com a cara mais sapeca que havia no meu repertório, arrumei o vestidinho e, novamente em ordem (pelo menos no figurino!), comecei a dançar pra ele. Judiação desperdiçar um solo de sax! Fechei os olhos e, num repente, senti uma (in)certa violência, até já conhecida (quem nunca foi pega pelos cabelos na balada jamais saberá!) e de antemão consentida: os lábios dele se grudaram nos meus!

Só abri os olhos no fim daquele beijo - selinho - desajeitado, que brigava com um violão que desafinou - se entre nós. Olhei dentro dos olhos dele e respirei fundo: sim, um sopro de vida me entrara pelos lábios!
Inflada de felicidade só não flutuei, pois o mesmo roldie gato me pegou pelo braço e, enquanto eu procurava lembrar quem eu havia sido até então, me deixou num canto escuro da coxia: - Fica aqui, não sai sob risco de morte!
Imagina que eu, que havia acabado de renascer, correria tal risco...

Eu já sabia que aqueles eram os últimos acordes e comecei a preocupar - me com a realidade: como ir embora dali, se eu nem sabia como havia chegado???

- Vem comigo, vem, vem... 

Ele me puxou pelo braço.

- Que graça, vc! Qual o seu nome?

- Era Eliana, agora já nem sei!

- E sua mãe sabe que vc veio?

- Com certeza, deve estar morrendo de rir 'lá de cima'!

- Maluquinha!

- Preciso ir embora...

- Vai na paz, vá com Deus e brigaduuuuuuuu...






Ficção ou não, é da minha conta... E já tá paga!



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