Gritomudo

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terça-feira, 18 de setembro de 2012

A VIAGEM ESPIRITUAL DE RAMA

(Conversando Sobre o Darma Fora do Corpo)

"Oh, Rama!
Enquanto dormes numa cama macia, vagas em todas as direções com o teu corpo de sonhos; porém agora, nesse estado de vigília, aonde está esse corpo?"
- In Yoga Vashishita Sara -

Até mesmo um grande mestre pode padecer de momentos de desânimo em suas tarefas de esclarecimento e assistência espiritual no mundo. Isso aconteceu com o mestre Rama, sétimo avatar de Vishnu*, em sua peregrinação pelos campos da Terra.
Certa vez, após refletir sobre a ingratidão dos homens que só buscam a comunhão com o Divino, quando as coisas não andam bem, o generoso e justo Rama sentiu um forte abatimento em seu coração. Ficou assim por dias seguidos: sua alma partida e assediada por pensamentos de desânimo e incertezas.
Porém, numa noite em que ele havia orado muito ao "Poder Maior Que Governa a Existência", antes de deitar o corpo no leito, ele se viu projetado espontaneamente para fora do veículo carnal**. Flutuou logo acima dele, primeiro na posição horizontal e, logo depois, sentou-se na ar na posição de lótus.
O mestre-iogue estava consciente fora do corpo material. E ele sabia bem o que era essa condição extrafísica, pois os anos de estudos e práticas psicofísicas o haviam preparado para as diversas condições do parapsiquismo humano***.
Sentado no ar, ele esperou. Meditou na Luz Cósmica que guia todos os homens secretamente e agradeceu em silêncio o dom da vida e as oportunidades de aprendizado e despertamento consciencial.
Em determinado instante, logo à sua frente, também sentado no ar à moda iogue, surgiu a veneranda figura do sábio Vashishita****. Então, no silêncio por entre os planos, os seus olhares se cruzaram em pura sintonia. Os seus olhos espirituais brilhavam intensamente, refletindo o grau de alta lucidez que manifestavam.
Nessa comunhão silenciosa, de espírito a espírito, Vashishsita ponderou a Rama:
"Oh, Rama! Jamais deixe a chama espiritual fenecer. Não são só os seus devotos que precisam de seu calor e luz, mas até mesmo os asuras***** nos planos inferiores se beneficiam de seu labor.
O Grande Amor está em todos os corações, e tudo é manifestação de sua Luz.
No entanto, poucos são os homens que percebem isso. Engolfados em suas emoções pesadas, tornam-se presas fáceis da ansiedade e das influências sensoriais momentâneas. Raros são os que ponderam serenamente sobre as coisas da vida, e mais raros ainda são aqueles que perdoam e flutuam acima das cercas emocionais que prendem o coração espiritual.
Meu amigo, o despertar da consciência não é fácil.
O nevoeiro dos sentidos tolda a visão, e é muito fácil deixar de ver a Luz nos objetivos à frente. Sem os raios do sol do discernimento para dissolver tal nevoeiro, como será possível algum despertar da visão veraz e lúcida nas observações e análises dos fatos?
Tenha mais paciência em seu labor com as pessoas. Nunca perca a generosidade, por mais que elas não compreendam, e até mesmo se voltem contra você mesmo. O nevoeiro em torno delas é tão intenso...
Por isso mesmo, é necessário trabalhar no mundo levando a tocha da espiritualidade acesa. Essa é uma tarefa grandiosa, e só conseguem executá-la, com eficácia, aqueles que submetem o seu labor ao Amor Supremo e agradecem de coração às chances de crescimento geradas por tal atividade.
Persevere na jornada que O Absoluto ordenou-lhe. Só Ele é que sabe o tempo certo do despertar das consciências.
Cabe a você a tarefa de esclarecer e ajudar, nunca a de mensurar o despertar consciencial alheio.
Paciência, meu caro.
Carregar a chama espiritual acesa em si mesmo não é fácil. Só alguém cheio de responsabilidade e lucidez na jornada é que conseguirá suportar o calor vital do Amor no coração e a Luz das ideias maiores na cabeça em total equilíbrio.
Tenha paciência com todos aqueles que padecem da "embriaguez emocional". O despertar das consciências entorpecidas pelas influências sensoriais é difícil.
Dentro do estado de semiconsciência, parece-lhes insano alguém falar de despertar consciencial.
Em meio às guerras fratricidas engendradas por seus arroubos de arrogância, parece-lhes estranho alguém falar de Amor e Luz.
Em meio ao nevoeiro sensorial, quem é que pensa na luz do sol?
Com tantas emoções pesadas açoitando-lhes a todo o momento, são raros os que escutam o chamado silencioso das altas vibrações da Paz Imperecível.
Rama, eles padecem da fome de Amor em seus corações!
Parecem rebeldes e de difícil pacificação, mas são muito amados pelo Senhor da vida. São seus irmãos, mesmo os mais rebeldes.
Em lugar do desânimo, aumente a chama espiritual. Acelere as suas vibrações e projete energias salutares a favor de todos os seres, incondicionalmente.
Semeie a espiritualidade, esclareça e ajude, e deixe a cargo do Senhor da vida o tempo da colheita e do despertar de cada um.
Agora, meu amigo, volte ao corpo carnal e pondere sobre a Luz Suprema que brilha em cada ser e canto do Universo. Medite nesse Amor Onipresente que os homens se deixaram esquecer. Pense nesse Incomensurável Poder que sustenta os incontáveis sóis e orbes espalhados na imensidão estelar.
No Macrocosmo e no Microcosmo, o mesmo "AMOR QUE GERA A VIDA".
Medite no Pai-Mãe de todos, que para muitos não passa de condicionamento religioso, mas que, para ‘aqueles que tem olhos de ver, ouvidos para ouvir e sensibilidade para sentir’, é o velador secreto que inspira e guia nas jornadas vitais, na carne e fora dela, na Terra e no Espaço, e em tudo.
Siga em paz e veja a luz do Supremo em todos os seres.
Cumpra o seu Darma!******
Rama, na crosta da Terra ou nos planos inferiores, que a sua luz resplandeça sempre."
Rama ponderou sobre os esclarecimentos amorosos do sábio espiritual. Os seus olhos espirituais resplandeciam com o brilho da lucidez serena. Ele saudou o mestre e, em seguida, interiorizou-se no corpo adormecido no leito.
Imediatamente abriu os olhos carnais e sentou-se no leito. As lembranças de seu encontro extrafísico com Vashishita estavam intactas em seu cérebro.
As janelas de seus aposentos estavam abertas, e por elas ele via o céu noturno coalhado de estrelas. Pensou no Incognoscível Poder que gerara tal maravilha.
No silêncio da noite estrelada, o sábio Rama, sétimo avatar de Vishnu, admirou-se com a beleza da imensa tapeçaria estelar tecida pelo Supremo Preservador da vida.
Quietinho, ele agradeceu ao Tecelão Divino por todas as oportunidades.
E também agradeceu ao sábio Vashishita, que, mesmo no plano espiritual, não esquecera do seu pupilo reencarnado nas lides da Terra.
No dia seguinte, logo cedinho, Rama já estava animado no jardim de sua residência real dando uma preleção sobre o divino potencial que mora nos corações aos seus discípulos.
Acima deles, o sol brilhava nos céus tecidos pelo Divino Tecelão, o mestre de todos!

Paz e Luz.
Wagner Borges 
*O autor fez várias explicações (onde tem os asteriscos) que não publiquei, ok???

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