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segunda-feira, 2 de maio de 2016

A insustentável leveza do... sexo.

No “mundo líquido” esse vazio existencial é preenchido pelo sexo. As pessoas possuem incontáveis “parceiros”, contudo, são incapazes de relacionar-se, de tal modo que o sexo casual, totalmente desconectado com um relacionamento e, consequentemente, com o amor não pode preencher esse vazio, mas antes, afastá-lo dos outros. Erich Fromm, sabiamente, diz:
“O sexo só pode ser um instrumento de fusão genuína – em vez de uma efêmera, dúbia e, em última instância, autodestrutiva impressão de fusão – graças a sua conjunção com o amor. Qualquer que seja capacidade de fusão que o sexo possa ter, ela vem de sua camaradagem com o amor”.

Em um primeiro momento, pode ser empolgante caminhar no mundo do “sexo puro”, mas quando a correnteza não puder ser controlada? Afinal, deve-se ser livre, ter algo que o prenda é proibido nesse jogo. Então, estar à deriva é tão bom assim? Preenche o vazio? Segundo Zygmunt Bauman não, pois,
"Essa insustentável leveza do sexo pode ser percebida nos muitos casos, que chegam aos consultórios, de pessoas frustradas, já que o remédio que prometia curar causou mais moléstias.
Dessa forma, o sofrimento torna-se ainda maior, pois na medida em que tentou-se afastar-se da solidão com o “sexo puro”, percebeu-se que se estava mais só que antes. Essa frustração ocorre porque o sexo esvaziou-se de sentimentos e, portanto, não permite nele a capacidade de realização que se pretende. Em outras palavras, “Quando o sexo se apresenta como um evento fisiológico do corpo e a palavra sensualidade evoca senão uma prazerosa sensação física, ele não está liberado de fardos supérfluos, avulsos, inúteis, incômodos e restritivos. Está, ao contrário, sobrecarregado, inundado de expectativas que superam sua capacidade de realização”.

Assim sendo, o “sexo puro” é caracterizado pela rotatividade e não pela qualidade ou capacidade de realização. Essa rotatividade é uma das principais características do “homo consumens”, uma vez que, na modernidade líquida, o sucesso não é caracterizado pela capacidade de ter bens, pois para que você possua algo é preciso guardá-lo, e o homem pós-moderno ou “consumens” não quer ter esse trabalho. O sucesso, assim, é medido pela capacidade de usar, desfazer-se e usar algo novo.

Entretanto, esquecem que quando se tenta retirar o acaso, o inesperado da vida, retira-se, imprescindivelmente, o que há de mais sublime na vida: o amor.

O “sexo puro” é a tentativa de uma sociedade insegura de sair da solidão, mas sem sair da zona de conforto. Obviamente, que quando não se cria expectativas no outro, dificilmente, haverá decepção. Mas, se não se espera nada no outro, talvez isso não seja amor. Para muitos estudiosos, na raiz do verbo amor está impressa a ideia de plantar, semear. Portanto, necessariamente, se há amor, há expectativas, pois ninguém semeia sem acreditar na colheita.

A insustentável leveza do sexo consiste em acreditar que pode se relacionar com outra pessoa e portá-la para dentro de si sem que haja envolvimento. Todavia, para que algo se desenvolva, é preciso envolvimento, muito embora, essa não seja uma característica do homem líquido. Criar laços fortes pode deixar-nos mais vulneráveis, mas ao amor são inerentes a vulnerabilidade e a incerteza, e já disse que as melhoras coisas só acontecem no terreno do inexplicável.
 
ENTENDI!!!
"Criar laços fortes pode deixar-nos mais vulneráveis, mas ao amor são inerentes a vulnerabilidade e a incerteza, e já disse que as melhoras coisas só acontecem no terreno do inexplicável."
 

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