Gritomudo

Gritomudo
#gritomudo

domingo, 10 de junho de 2012

Dor de perda

É um caminho inevitável.
Temos todos, um dia ou outro, de uma forma ou de outra (e geralmente de várias formas mesmo), que viver isso. 
Não porque é uma fatalidade do destino, mas porque faz parte da vida.
E cada um de nós vive, mesmo se de maneira dolorosa igual, de um jeito diferente as diferentes perdas pelas quais temos que atravessar.
A pior de todas, é quando alguém que a gente ama morre. Esse é um sentimento de perda irreparável. 
Um amigo não vale pelo outro, um irmão não vale pelo outro e nada no mundo poderá substituir nossos pais. 
Tenho uma amiga sábia que diz que "nunca somos velhos o suficiente para ficarmos órfãos." 
E ela tem razão. 
E mesmo se o tempo aplaca essa dor, sempre vai ficar dentro da gente aquele sentimento indecifrável de vazio. 
É a idéia do "nunca mais ver" que dói mais. E quando esta se une à idéia de não termos feito algo mais, não termos dito algo mais, ainda é pior.
Outra dor de perda é quando a pessoa que se ama se vai. Nesse caso existe uma mistura de dor de orgulho e dor de medo de se ficar sozinho, muitas vezes porque o que existia não era realmente amor, mas uma dependência emocional do outro. Dor de orgulho, porque ninguém nessa vida foi feito pra perder. 
Dor de ter sido deixado, dor de rejeição, que chega a doer até fisicamente. Não adianta dizer nesse momento que "quando se perde um ônibus vem dez atrás", porque a pessoa vai te dizer que o que perdeu era justamente aquele que queria. 
Mas quando o tempo cura essa ferida (e o tempo cura todas as feridas!) e o coração começa a bater mais forte por outra pessoa, aí então a gente esquece. 
E ninguém precisa ter medo de ficar sozinho, pois só vai ficar sozinho quem não se abrir a novas possibilidades.
E com isso tudo, o que é preciso mesmo é que aprendamos o sentimento de aceitação. Não passiva, de se deixar levar. Mas aquela de quando se sabe que vai se viver o inevitável, de viver isso da melhor maneira possível. Nenhum de nós está preparado pra isso, mas sabemos que é a vida.
E não deixar que a dor do orgulho possa impedir que vivamos, isso é importante. Alguém me contou recentemente que sofreu dois anos por ter perdido um amor e depois é que reconheceu que o sofrimento não era realmente de amor, mas do orgulho de ter sido deixado. Uma vez reconhecido isso, ele deu um passo à frente e encontrou aquela que hoje em dia é sua esposa, que portanto já fazia parte do grupo que conhecia e frequentava. É preciso muita sabedoria para se tirar a venda do orgulho dos olhos.
Fazer com que os que amamos saibam disso é uma maneira de se preparar a viver diferente a perda, se esta se der. 
É preciso dar de si mesmo enquanto se pode.
É preciso evitar o "ah, se eu soubesse" e "ah, se eu pudesse voltar" do futuro.
É preciso oferecer flores enquanto se pode vê-las e senti-las.
Se você gosta de alguém, diga, demonstre. Nem todo mundo sabe adivinhar. Transforme em gestos e palavras tudo aquilo que se passa no seu coração.
Vive muito melhor dor de perda quem sabe que fez a sua parte. Ainda vai doer, mas de maneira bem diferente.

(Por Letícia Thompson)

*Não importa o seu caminho... O que importa é fazer o bem...
Via Junior Pereira

...

Gosto mais da ideia do texto, do que do texto em si. Essa é a energia que vibro no momento:  a do 'dizer'!
Ao contrário das pessoas que se estufar para dizer: 'sou autêntica, falo tudo, mesmo!' - eu digo bem menos do que penso. Guardo meus 'pequenos segredos' referentes àqueles que me tocam. Mas, tenho feito o exercício de dizer à elas o quantos são importantes. 
Sim! Concordo que, no meu julgamento raso, sou tonta aos olhos dos outros... Até reconheço em mim certa ingenuidade. Mas, se grito quando dói, dizer do bom deve ser reflexo, tb.
A 'perda' que tive em 2007 me doeu muito mais que a de 1996'. A dor da morte foi menos sofrida que a separação de quem me despertou pro amor. Conformei-me harmoniosamente com a morte do que com a ausência daquele que me mostrou que viver a dois era perfeito. Tive que matar em mim (às duras penas!) alguém com quem compartilhava o mesmo espaço físico, que via (mesmo em fuga!) todos os dias, que sabia, estava respirando o mesmo ar. O tempo (longo!), outras pessoas, outras atividades, outros locais me obrigaram a mudar o rumo. No entanto, o amor permanece, e sei que posso direcioná-lo para quem eu queira, mas nunca esqueço de quem o acordou.
E a perda daquilo que nunca se teve? Cair na real depois de uma ilusão. E o pior é quando vc se iludiu sozinha! Não há a quem direcionar a culpa, que não à vc mesma!!!
Como diz o texto acima, (acho que já escrevi sobre isso por aqui, tb!) as pequenas perdas de todos os dias... As pequenas mortes e renasceres... Nosso livre arbítrio, muitas vezes, é tão limitado quanto a ação do Universo, nas vezes em que mais queremos que Ele aja por nós. Tem dia em que PRECISAMOS, conscientemente, dizer adeus, outras vezes somos OBRIGADOS e dizemos sem que percebamos e nem sempre queremos...
Estou aqui em mais uma corda bamba, tendo que decidir novamente o que já havia sido decidido... Não sei se está tanto assim nas minhas mãos, mas devo fazer algo. Dizer 'sim' ou 'não' não é tão simples, principalmente porque o 'depois' tá logo ali.

Nenhum comentário:

Postar um comentário