Gritomudo

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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

**Quando começo a escrever de flores... (MINHAS HISTÓRIAS)


A rua Teffé é a rua mais legal de toda a Barcelona (bairro de SCSul), tão legal que as crianças de todas as outras ruas iam brincar lá.
Tinha muitas figuras legais que passavam por ali: tinha o “João-quando-vc-casar-a-mulher-é-minha”; a D. Amélia, mãe do Galinha, que vendia suquinho (geladinho, chup-chup, sacolé) e que benzia a molecada quando estava com bicha (lombriga); a D. Izolina, que furava nossas bolas, quando caiam no seu jardim (eu adorava subir no muro dela para estourar os Brincos de Princesas - flores); o ‘homem’ da cana, que deixava a gente entrar na casa dele, dava cana pra molecada, e às vezes até já descascava.
Tudo era meio que de todo mundo: bolas, bicicletas (quando um amigo que tinha bicicleta viajava, emprestava prum amigo, que emprestava pra resto da rua).
Ah, e tinha a D. Izabel, mãe do Mozart, que já era adulto e tinha uma moto e um cachorro chamado Ki-suco.

*O Ki-suco era o cachorro mais bravo da rua. Nós gostávamos de sentar nos muros e subir nas árvores, mas quando o Ki-suco se soltava (e isso acontecia todas às vezes que abriam o portão da garagem da casa sem prender o cão.), não sobrava um espaço vazio.
Naquele dia, o marido da D. Izabel tirou o fusquinha da garagem, o cachorro fugiu. Todo mundo trepou onde pode e eu fiquei parada no meio da rua paralisada de medo. O cachorro me cercou e começou a latir. Os olhos deles eram fulminantes, mas pior eram os dentes: enormes para uma criança de 9, 10 anos.
- Vem, vem!!! – eu escutava os chamados mas não conseguia me mover.
Depois de eu me arranhar inteira, de medo do cachorro, ao primeiro comando da sua dona o cachorro entrou rapidinho pra sua casa. E eu, além de ficar dias com as marcas na perna, lembrei-me dele toda as vezes que ia tomar banho... Ardia que só!

*Na Rua Teffé tinha (e ainda tem!) uma EMEI. Nós pulávamos o portão para brincar no parquinho, quando as merendeiras e serventes não estavam lá para deixar a gente entrar.
Antigamente nas ruas tinham ‘tartarugas’, que serviam do que hoje são as lombadas. Nós adorávamos nos equilibrar nelas!
As demarcações das tartarugas serviam de campo de futebol e os muros da EMEI, numa posição contrária muitas vezes Tb servia de ‘gol’.
Na frente do ‘parquinho’ morava a D. Cida, mãe do Cleverson. Nós adorávamos o muro dela, mas ela, embora o Cleverson fosse amigo, não gostava muito de nós.
A casa nos causava uma curiosidade infinda, pois ali funcionava um Centro Espírita, não sei hoje, se de Candomblé ou Umbanda. As pessoas que estavam na casa frequentemente tinham umas ações ‘estranhas’ ao entrar na casa e do lado de fora sempre víamos as galinhas circular livremente. Isso até era normal, pois, quando o ‘homem da garrafa’ passava, trocávamos por pirulitos coloridos ou por pintinhos tingidos, que claro, quando começavam a crescer, se não iam pra panela da nossa casa, era pra de alguma vizinha.
Pois, bem! Um dia brincávamos ali nas tartarugas, quando de repente um bicho enorme e de chifres escapa pelo portão e começa a correr ‘num circulo’ sem rumo. Era um bode!!! Aos meus olhos aquilo era inacreditável! Eu nunca tinha visto um bode tão de perto! Depois da gritaria, ora de surpresa, ora de medo, alguma criança chamou a D. Cida pra levar sua ‘cria’ para dentro.

*Na rua debaixo tinha um parque bem grande, que chamava Cidade das Crianças. Hoje seria um parque para adultos, pois os escorregadores eram altíssimos, os gira-giras enormes e em alguns dava pra rodar de pé. Os adultos, sempre nos advertiam para que tomássemos cuidado nos cavalinhos (sim, podíamos ir sozinhos, embora na placa de entrada dizia ‘CRIANÇAS ACOMPANHADAS DE ADULTOS’). Nos contavam histórias muitas histórias de crianças que morreram picadas.
Um dia, eu e a Eliana Esteves, depois de brincarmos bastante, resolvemos jogar Damas. Nem percebemos que já anoitecia e quando anoiteceu de vez lembramos que o parque não estava tão assim à nossa disposição (18h).
Corremos até o portão de entrada/saída, e surpresa: o parque já havia fechado! Tempo para o desespero... 1, 2, 3!!! Lembrei-me que sempre que subia a Paraguaçu, via um buraco na cerca, perto dos eucaliptos. Aquele parque nunca me pareceu tão grande. Depois de caminhamos aqueles minutos que pareciam horas, achei o tal rombo. Passamos por ele tranquilamente.
Depois disso só voltei a usar o portão principal depois que consertaram a tela. Que pena! Era bem mais perto!

*Adulta, já, um dia fiquei presa no...
Sempre que eu voltava do trabalho dava uma passadinha no cemitério aonde minha mãe tinha sido enterrada. Era recente e eu tinha saudade, então ia por florzinha no túmulo, ou fazer uma oração, somente.
Naquele dia eu não me dei conta de que, por causa do trânsito, havia chegado mais tarde e fiquei lá ‘de boa’. O horário de verão brasileiro, embora eu adore, faz com que eu me perca no tempo. Aliás, acho que só gosto porque me perco no tempo. Enfim, quando cheguei no portão ‘debaixo’ prontíssima para ir embora, estava fechado! Ai, meu Deus, presa no cemitério? Isso vai dar medo! Corri pro portão principal que fica do lado da administração e... TAMBÉM ESTAVA FECHADO!!! Mas, percebi uma movimentação dentro da sala e fui até lá. Quando olhei pra cara do cara que trabalhava lá: ELE ERA O PRÓPRIO FANTASMA! Não havia emprego melhor pra ele do que num cemitério: ele era alto, meio gordo, tinha os olhos claros, mas vermelhos... Um Frankstein lívido, completamente sem cor, quase que transparente. Ele me olhou com uma cara perigosa... E eu, jurando que não estava com medo, num tom de voz bem firme, IMPLOREI pra que ele abrisse o portão. E ele obedeceu!
Agora acabo de lembrar que eu podia ter saído pelo Velório... Deus me livre!!!

*Na minha infância eu curti As Patotinhas, As Melindrosas, os 3 Patinhos (músicas ‘da moda’ em rotação alterada), algumas coisas bacanas (aqueles musicais infantis da Globo e outros de cantores da MPB) e as coisas que ouvia em casa, depois que a Niza (minha irmã mais velha) comprou um aparelho de som 3x1 da Sharp com APSS (inteligentíssimo: podíamos selecionar na fita cassete a música que queríamos ouvir!). Já pré-adolescente, junto com a Turma do Balão Mágico, surgiram as bandas de rock nacional e... A febre MENUDO: um grupo musical formado por 5 meninos lindos, que cantavam e dançavam coreografias super complexas, tipo as boys bands de hoje. O integrantes eram o Robby, Ray, Ricky (Melendez, substituído depois pelo Martin “salsa e merengue, Maria’, Roy e Charlie. O Ray era o meu predileto!
Eu tinha até que muitas coisas: revistas, pôsteres, fotos... E fazia por merecer ter cada uma delas. Depois de muito pedir, minha irmã (a mais velha!) disse que compraria os ingressos pra eu ir ao show, na cidade vizinha (estádio Bruno Daniel em Santo André). Eu fiquei feliz da vida! Faltava uma semana pro show. Liguei na loja de calçados ‘super top’, que deveria estar vendendo os ingressos e não me conformei quando me responderam que OS INGRESSOS HAVIAM ACABADO! Chorei e não foi pouco. Contei pra uma coleguinha da Quinta C e, no dia seguinte, ela me ofereceu os ingressos dela e da irmã, pois elas (que eram super estilosas) preferiam comprar jeans, camisetas, etc, etc...
Sou grata à Carla e à sua irmã até hoje, pois, desconsiderando que eles não tinham banda (era playback), a espera de 4h e todos os perrengues, foi o MELHOR SHOW DA MINHA VIDA!
Minha irmã do meio (Ailta) aproveitou para fazer todas as chantagens que podia e, principalmente, tomar posse do dial bem no dia do lançamento do Evolución, na (extinta) Rádio Cidade FM (minha chance de aprender a cantar as músicas, já eu tinha o encarte com as letras, da Contigo!)
Minha irmã me xingou por todos os motivos (e eu, fingindo zen, nem respondia à altura): pelo dinheiro gasto (ela podia fazer escova no cabelo e comprar roupas), por acordarmos cedo, por ser longe, porque tava frio, porque ia chover, porque choveu...
Chegamos no estádio umas 8 e pouco da manhã: lotado! Estávamos bem lá atrás e eu mal conseguia enxergar o palco. Nos perdemos das meninas com quem estávamos e eu tive uma ideia magnífica (já tinha ouvido que fãs faziam isso!): fingi desmaio!
Minha irmã começou a gritar e eu logo fui socorrida por uns caras, acho que eram dos Bombeiros, que me botaram pra frente da corda de segurança, que se rompeu, mais tarde, com a quantidade de fãs enlouquecidas.
15h, hora em que devia começar o show, tava um frio do caramba e eu nada agasalhada... E, tipo, nem aí! A chuva ficou mais intensa e eu tive a feliz ideia de me equilibrar em 4 latinhas de refrigerante, que estavam jogadas no chão, pra não me sujar tanto. Nós tínhamos bisnaguinhas na mochila... Não lembro, mas devem ter virado pasta.
Quem se importava que a calça tinha sido branca? Eu não me importava com nada, nem com a minha irmã.
Alguns show de abertura (lembro-me do Magazine – Kid Vinil (Tic Nervoso), do Genshis Khan (Comer, Comer) e, finalmente por volta de 19h eles entraram no palco.
Não sei se porque eu usava óculos e estavam embaçados, mas lembro-me das imagens do show como se fosse sonho.
20 anos depois eu pude ver (e abraçar!) o Ray... A mulher curiosa diante do homem que ele havia se tornado... Mas, a menina sempre esteve ali!
Não se Reprima!!!

*Um dia me deu na veneta que eu era cantora e, de quebra, atriz. E ninguém nunca me tirou isso da cabeça... E não é que ‘virei’, mesmo???

*Eu me lembro de ter visto um só palhaço de perto, uma vez só na vida. O segundo que vi era eu mesma. Cismei que podia ser palhaça! E sou!!!

*Quando o pipoqueiro passava na rua, ele buzinava. A pipoca dele era de canjica salgada (hoje uma raridade!) e o molho, uma delícia! Minha mãe, quando podia, me fazia a surpresa e dava o que hoje seria R$1,00 (em nota) para comprar um saquinho.
Um dia o ‘tio’ me perguntou o que eu seria quando eu crescesse: respondi prontamente: professora de matemática!
Ui! Matemática! Sei que forcei a barra, creio que para agradar minha mãe, (que nem tava lá fora!) que achava que quem soubesse matemática era o máximo. Mas, me tornei, sim, professora, mesmo depois tanto negar. Primeiro professora de Teatro (o magistério muito me ajudou!) e depois do Ensino Infantil e Fundamental I.
O que eu faço com a formação de Fund II e Médio? Sei lá!!!

*Lembrei-me que na casa da Isa, uma vizinha que sempre deixava a porta aberta para quem quisesse entrar e eu adorava ficar na casa dela (tinha a Janaína que era bebê e eu amava fazê-la de minha), tinha o Banzé, que era da Mercedes (mãe do Waguinho, do Waltinho, da Regina e da Angélica (amigos até hoje!), um cachorro viralata mais do que velho.
Um dia ele cismou comigo e me colocou pra correr. Fugi dele até a tartaruga, depois ele cansou e voltou pra casa dele. A rua estaria vazia, não fosse o irmão do Galinha, que viu tudo! Claro que eu neguei, mas aquele moleque sabia bem como me irritar. E usou isso por um bom tempo!

*Eu tive vários namorados, mas nenhum tão... Sério (?) quanto o Saturnino. Lembro-me dele como um pedaço doce da infância, porque eu gostava dele de verdade. Ele já era um pré adolescente e eu uma criança, mas foi meu primeiro beijo. Ele? Era magrelo, não muito alto e tinha as orelhas enormes. Bonito? Para mim era o mais lindo da Terceira Série B.

*Quando eu morava na outra casa, lá na Paraíso, eu não ia muito brincar na casa das outras crianças. Minha mãe não gostava. A vizinha mal humorada, tinha uns filhos pestes (eu ainda não era!) e um bebezinho lindo! Um dia fui brincar lá. O bebê conseguiu se apoiar num balde e começou a me perseguir pelo quintal. Eu gritava de medo da criança. Não lembro se minha mãe ouviu e foi me buscar, se fui sozinha, ou se fugi, mesmo. A verdade que me lembro é de nunca mais ter voltado lá.

*Sempre quando chovia era de lei: minha vizinha me chamava para colher... Pegar... (ah, roubar, mesmo!) rosas dos jardins das outras vizinhas. Saíamos com uma tesoura e um guarda chuva preto. Engraçado que o guarda chuva não servia de nada, já que entrávamos debaixo das calhas para nos molharmos com água suja.
Pegávamos folhinhas que caiam das árvores e soltávamos na água que descia no meio fio. E não satisfeitas com o produto do roubo e com tamanha molhadeira, sentávamos na enxurrada da descida.
Nossas mães nem brigavam. Vai ver achavam que ficaríamos doentes caso não aproveitássemos um dia maravilhoso de chuva.

*Não precisava ser Carnaval: bastava um dia de calor para brincarmos de guerra de água. A brincadeira começava inocente com sprays vazios de desodorante. Enchíamos de água e ficávamos espirrando uns nos outros.
Começávamos com um grupinho de 4 ou 5 crianças... E terminava com um bando de crianças e adolescentes e baldes. A D. Nilce, mãe do Renato e do Rogério, nos deixava pegar água da sua torneira. Fazíamos a maior molhadeira na garagem e ela ria, nos monitorando da janela do sobrado.

*Talvez a EMEI tenha sido mais especial para mim do que a Universidade. Quem ganha anel de formatura quando termina o Ensino Infantil?
Eu!
Ganhei do Levi, que era meu namorado (ele se dizia meu namorado e por mim, tudo bem!) gorduchinho, um anel que vinha no doce. Não, ele não me deu o doce! Mas, quem liga pra doce quando o anel é dourado e tem uma linda ‘pedra de plástico’ cor de laranja??? Fiz questão de usá-lo no dia da última foto. Ficou lindo! E super combinou com a beca vermelha!

*Quando crianças temos preferências, mas, às vezes, nossos melhores amigos se tornam os piores inimigos em segundos.
Brincávamos e brigávamos, tudo de forma muito intensa! As brincadeiras eram bem elaboradas: caixas de geladeira e fogão viravam várias coisas, inclusive o óbvio. Às vezes ficávamos no ponto do ônibus esperando alguém descer e um de nós saia gritando de dentro, com direito a grito de susto da vítima.
As brigas também eram sérias, com direito a porradas e marcas roxas, arranhões e mordidas.
Passados alguns poucos dias estávamos todos juntos de novo, fazendo da Teffé a melhor das ruas.

***Se estão bem contadas, só vc, leitor, leitora é que podem dizer!


****CURIOSA PARA SABER O QUE O EDU BRISA VAI FAZER COM TUDO ISSO!!!
(RISOS!)

*****Tá afins de colaborar, mandar a sua? Estou super afins de recebê-la!!!
 
No muro da Teffé 446

Veja o meu anel!!!


**...começou a tocar esta:

Gosto de músicas que contam histórias!!!

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