Gritomudo

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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fogo...

"O amor é fogo que arde sem se ver..."
(Camões)

2) E, de repente, vem do Céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam acentados. 3) E foram vistas por eles em línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. 4) e todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
(Atos dos Apostolos)


1) Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Um dia em que conduzira o rebanho para além do deserto, chegou até a montanha de Deus, Horeb. (2) O anjo do Senhor apareceu-lhe numa chama (que saía) do meio a uma sarça. Moisés olhava: a sarça ardia, mas não se consumia. (3) “Vou me aproximar, disse ele consigo, para contemplar esse extraordinário espetáculo, e saber porque a sarça não se consome.” (4) Vendo o Senhor que ele se aproximou para ver, chamou-o do meio da sarça: “Moisés, Moisés!” “Eis-me aqui!” respondeu ele. (5) E Deus: “Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa. (6) Eu sou, ajuntou ele, o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”. Moisés escondeu o rosto, e não ousava olhar para Deus. (7) O Senhor disse: “Eu vi, eu vi a aflição de meu povo que está no Egito, e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores. Sim, eu conheço seus sofrimentos.(8) E desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo subir do Egito para uma terra fértil e espaçosa, uma terra que mana leite e mel, lá onde habitam os cananeus, os hiteus, os amorreus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus.(9) Agora, eis que os clamores dos israelitas chegaram até mim, e vi a opressão que lhes fazem os egípcios.(10) Vai, eu te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo”. (11) Moisés disse a Deus: “Quem sou eu para ir ter com o faraó e tirar do Egito os israelitas?” (12) “Eu estarei contigo, respondeu Deus; e eis aqui um sinal de que sou eu que te envio: quando tiveres tirado o povo do Egito, servireis a Deus sobre esta montanha”. (13) Moisés disse a Deus: “Quando eu for para junto dos israelitas e lhes disser que o Deus de seus pais me enviou a eles, que lhes responderei se me perguntarem qual é o seu nome?” (14) Deus respondeu a Moisés: “EU SOU AQUELE QUE SOU” (YAWEH). E ajuntou: “Eis como responderás aos israelitas: (Aquele que se chama) EU SOU envia-me junto de vós.”(15) Deus disse ainda a Moisés: “Assim falarás aos israelitas: O SENHOR, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó, quem me envia junto de vós. Este é o meu nome para sempre, e é assim que me chamarão de geração em geração”.(16) “Vai, reúne os anciãos de Israel e dize-lhes: o Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó apareceu-me. E disse-me: eu vos visitei, e vi o que se vos faz no Egito,(17) e disse: tirar-vos-ei do Egito onde sois oprimidos, para fazer-vos subir para a terra dos cananeus, dos hiteus, dos amorreus, dos ferezeus, dos heveus e dos jebuseus, terra que mana leite e mel. (18) Eles ouvirão a tua voz. Irás então com os anciãos de Israel à presença do rei do Egito e lhe direis: o Senhor, o Deus dos hebreus, nos apareceu. Deixa-nos, pois, ir para o deserto, a três dias de caminho, para oferecer sacrifícios ao Senhor, nosso Deus.
(Êxodo 03)

...

Dia destas havia me ocorrido a lenda de Prometeu, depois a história de Branca Dias (O Santo Inquérito), agora a Fenix...
(Prometeu Acorrentado - 1971)
... 

A verdade é que, apesar de todo o estrago, senti um alívio muito grande, como se algo necessário tivesse queimado junto: fogo purificador e regenerador.

A liturgia católica do fogo novo é celebrada na noite de Páscoa (= ressureição ou renascimento). O símbolo da Kundalini ardente na Yoga hindu, e o fogo interior no tantrismo tibetano.
O Judas, no Sábado de aleluia, a fogueira da Inquisição... Ritos de purificação pelo fogo, ritos de passagem.
As queimadas, para o preparo da terra.

O Fogo, nos ritos iniciáticos de morte e renascimento, a purificação pelo fogo: o motor da regeneração periódica.
Ao acender-se uma vela: o fogo na qualidade de veiculo ou mensageiro entre o mundo dos vivos e dos mortos.

Dionísos - No todo, quer se trate do alto ou da parte mais baixa da hierarquia, suas preferências inclinam-se sempre para as alegorias extraídas do fogo. Parece-me que a imagem do fogo seja, efetivamente, a que melhor pode revelar a maneira pela qual as inteligências celestes se adaptam a Deus. E, por isso, tantos santos e teólogos descrevem, tantas vezes, sob forma incandescente essa essência sobrenatural que escapa a qualquer figuração, e é essa forma que fornece mais de uma imagem visível daquilo que apenas ousamos chamar de propriedade teárquica (não encontro o significado desta palavra).

Assim como o Sol, pelos seus raios, o fogo simboliza, por suas chamas, a ação fecunda, purificadora e iluminadora.

O fogo terrestre simboliza o intelecto, a consciência, com toda sua ambivalência. A chama, a elevar-se para o Céu, representa o impulso em direção a espiritualização. O intelecto, em sua forma evolutiva, é servidor do espírito.

O fogo simboliza a purificação pela compreensão, até a mais espiritual de suas formas, pela luz e pela verdade. que coloca o buscador ou o devoto mais próximo de seu Criador.


Nós usamos o fogo para trazer luz à escuridão. Reconhecido pelos antigos como um dos quatro elementos do mundo, o fogo é um princípio ativo, transmutador e transformador.
No Livro Sagrado, o fogo é sinal da presença e ação do Criador, é expressão da Santidade e da transcendência Divina.

O Fogo é condição indispensável para que haja vida, em oposição às trevas, as sombras ou ao mal, eternos opositores do conhecimento e do esclarecimento. Lembramos que no Livro sagrado O Criador é Luz, o Grande Arquiteto do Universo - Jesus Cristo - é a Luz do mundo. A prática litúrgica, quase universal, de acender velas para as celebrações litúrgicas, uma redução simbólica do conceito de Luz e de Iluminação

Acender um fogo é equiparado com o nascimento e ressurreição. Pode ainda representar iluminação espiritual, sexualidade e fertilidade.

Para Jung, representava transformação, pois ele é o grande agente das transformações, pelo seu caráter de simbolizar as emoções, tanto que aquilo que resiste ao fogo tem o caráter da imortalidade.
Sem o fogo da emoção, nenhum desenvolvimento ocorre e nenhuma conscientização maior pode ser alcançada. Ele é considerado um símbolo da consciência e no Êxodo, as tribos comandadas por Moisés foram guiadas por uma coluna de fogo durante a noite que foi denominada de Tocha Ardente, é um tipo de libido, consciente e criativa.

O que é purificado pelo fogo, torna-se, de forma bastante literal, sagrado, e quando uma criatura "espiritual" é queimada, a cremação lhe confere o corpo, posto que esse elemento era considerado o veículo conector entre os reinos divino e humano, a própria inspiração através do espírito.

Os sonhos em que cidades são queimadas ou ainda, que nossa própria casa é queimada, costumam indicar que um afeto nos possuiu e tornou-se completamente fora de controle. Ele mostra a intensidade da tonalidade afetiva e por isso é uma expressão da energia psíquica que se manifesta como libido.



Fogo: considerado a fonte do conhecimento intuitivo.

Fogo = foco - no Teatro, onde há foco, torna-se a parte mais iluminada do palco e é nesse espaço onde se desenvolve a trama que dá sentido à peça. Também em nossa vida psíquica, aqueles caracteres que aparecem em nossas experiências psicológicas mais brilhantemente iluminados são o foco, que dão sentido ao drama de nossa vida.

Todas as Vidas
(Cora Coralina)

Vive dentro de mim
Uma cabocla velha a mulher roceira
De mau olhado - Enxerto da terra
Acocorada ao pé do borralho, meio casmurra
Olhando pra o fogo. Trabalhadeira
Benze quebranto. Madrugadeira
Bota feitiço... Analfabeta.
Ogum, Orixá. Bem parideira.
Macumba, terreiro Bem criadeira.
Ogã, pai-de-santo... Seus doze filhos.
Seus vinte netos...
Vive dentro de mim
A mulher do povo. Vive dentro de mim
Bem proletária, a mulher da vida.
Bem linguaruda, minha irmãzinha...
Desabusada, sem preconceitos, tão desprezada.
De casca grossa, tão murmurada...
De chinelinhas, fingindo alegre seu triste fado.
E filharada.
Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida - A vida mera das obscuras.

Encontramos, segundo L. Von Schroeder, três classes do fogo sagrado nos povos indo-europeus: o fogo do sacrifício, o fogo da defesa e o fogo do lar.
O fogo do sacrifício é também o mensageiro, que põe em comunicação os homens com a divindade e o sacerdote que faz a oferenda.
O fogo do lar, o protetor dos rebanhos e fogo de proteção e de esconjuro.

... Se, naquele momento, eu pedi com toda força por todas as mulheres do mundo... Só poderia ter, mesmo, provocado um incêndio!!!

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